Estudar o simbolismo maçônico é esforçar-se para tornar efetiva a Verdade encontrada ou descoberta, de forma que a cada passo do pé esquerdo (inteligência ou compreensão da Verdade) corresponda um igual passo do pé direito (aplicação prática daquela Verdade), em perfeito esquadro com o primeiro. Nisto deve o maçom de qualquer grau, aplicar-se com todas suas energias, pois nunca perde mesmo com seu progresso na carreira maçônica, seu caráter inicial de aprendiz.
Os símbolos na Maçonaria podem dividir-se em três tipos:
1) Símbolos religiosos tradicionais:
a) O triângulo, o delta luminoso, os três pontos: o símbolo evoca, nas suas três formas, a ideia da divina Trindade;
O triângulo é o símbolo da divindade. Por isso, no centro do Delta Sagrado brilha a letra IOD (letra cabalística que significa “Deus” ou “Princípio”). A letra IOD é a inicial do Tetragrama IEVE. IEVE, então, representa o inominável nome de Deus, cuja verdadeira pronúncia não é conhecida. Por ser um dos mistérios do interior do Templo de Israel, era priva-tiva do sumo sacerdote a permissão para pronunciá-lo, e só uma vez por ano, no dia da expiração, o 10º da Lua de Hhishri, o primeiro mês do calendário judaico.
b) O Templo de Salomão e os seus adornos;
2) Símbolos herméticos e alquímicos:
a) Os quatro elementos: terra, ar, água e fogo; os três princípios da Grande Obra: enxofre, o sal e o mercúrio;
b) A fórmula V.I.T.R.I.O.L. - Visita o interior da terra e, retificando, descobrirás a pedra oculta. "Trata-se de um convite à investigação do Ego profundo, que não é senão a própria alma humana, no silêncio e na meditação" segundo Jules Boucher.
O Simbolismo dos elementos da Câmara
A Vela
A Câmara de
reflexões é iluminada apenas pela luz de uma vela ou de uma lamparina.
Há várias interpretações sobre este símbolo. Pode ser a primeira luz da
Maçonaria que o profano recebe, de início fraca, para que o profano,
através dos pensamentos que o ambiente lhe sugere, possa acostumar a sua
visão espiritual à luz deslumbrante das verdades que lhe serão
reveladas.
A luz dessa vela é o reflexo e a representação da
divindade no plano terrestre. É ela o único asilo seguro contra as
paixões e perigos do mundo e que proporciona o repouso, o discernimento e
a luz da inspiração, quando a Ela se recorre.
Esse clarão simboliza
então a lâmpada da razão, iluminando a Câmara que não é outra coisa
senão o interior do homem, dando lhe assim a esperança de um mundo novo e
diferente, que se abre a sua frente, mundo do qual ele não pode fazer
uma idéia precisa, mas que na iniciação haverá de descobrir.
O Galo
O galo representa o Mercúrio, principio da Inteligência e da Sabedoria. Essa ave é, também, um símbolo de Pureza.
O
Galo é um gerador da esperança, o anunciador da ressurreição, pois seu
canto marca a hora sagrada do alvorecer, ou seja, a do triunfo da Luz
sobre as Trevas. A sua presença na Câmara de Reflexões simboliza o
alvorecer de uma nova existência, visto que o iniciante vai morrer para a
vida profana e renascer para a vida maçônica, sendo ele o signo
esotérico da Luz que o Profano vai receber.
Também simboliza a
Vigilância que o iniciado deve manter relativamente ao papel que
desempenha na sociedade. Também simbolizado por forças adormecidas que a
Iniciação pretende realizar, esotericamente simbolizado pela “força
moral”, indestrutível, guiando os passos do Maçom dentro e fora do
Templo.
A Bandeirola
Colocada por baixo do Galo traz inscritas
as palavras Vigilância e Perseverança. Consideradas do ponto de vista
etimológico, essas palavras podem significar “vigiar severamente”.
Indicam ao Futuro Maçom que deve, a partir daquele momento, prestar toda
a atenção e investigar os vários sentidos que podem oferecer os
símbolos, os quais, só conseguirá entender completamente através de uma
paciente Perseverança. Assim como o dever moral, que o Maçom deve
colocar em prática dedicando-se a uma Vigilância constante. É também a
difícil tarefa de desbastar a Pedra Bruta que só alcança algum sucesso,
quando realizada com a mais firme Perseverança.
O Crânio
A
presença de um Crânio pode despertar no profano alguns pensamentos,
através dos quais ele poderá imaginar a representação, pela caixa óssea,
da inteligência e Sabedoria, da qual ela é símbolo. A Sabedoria é tão
importante para o nosso cotidiano como o conjunto de nossa existência e
para as grandes decisões. Pode ser vista como a Razão governando a
prática pela teoria.
Assim como na Câmara, os ossos são um mero complemento do Crânio como símbolos da Morte.
A Ampulheta
Como
é um instrumento para medir o tempo, é considerado na Maçonaria, um
símbolo que mostra, pelo escoamento da areia, o rápido transcorrer do
tempo, e recorda ao profano a brevidade da existência humana, aonde têm
um significado esotérico com diversas interpretações.
O tempo passa e
voa, e a vida sobre a terra é semelhante ao cair da areia. Por isso é
preciso saber aproveitá-la em coisas úteis e proveitosas para si próprio
e também para a humanidade. Pois uma vida dedicada ao acumulo de
riquezas e ao gozo dos prazeres sensuais não contribui para a felicidade
de ninguém, é uma vida desperdiçada. O iniciante deve lembrar que as
pequenas porções do tempo juntam-se umas as outras e terminam no seio da
Eternidade.
A Foice
Símbolo muitas vezes não utilizado, mas
que representa o símbolo da destruição e da morte, que em dado momento
perturba a vida de qualquer pessoa, sem distinção de classe social. Pode
ser interpretada como também, um símbolo do tempo, mostrando-nos a
curta duração de nossa existência terrena e despertando-nos o medo.
O Pão e a Água
Tende
a assemelhar a Câmara de Reflexões a uma masmorra, onde o profano deve
ser recolhido. Mas o Pão simboliza o laço de fraternidade entre os
irmãos e a Água é o símbolo da purificação. São emblemas da simplicidade
que deverá reger a vida do futuro iniciado, assim como alimentos do
corpo e do espirito, os quais são indispensáveis, mas que não devem ser o
único objetivo da vida.
Sendo assim, é o elemento indispensável à vida, e o pão, provindo do trigo, simboliza a força moral e o alimento espiritual.
O Sal
É
o símbolo da mão estendida, representando a hospitalidade. Os antigos
Greco-Romanos o simbolizavam pela amizade, finura e limpeza da alma e da
alegria. Seria como se fosse algum dizer de boas vindas ao iniciante,
mostrando-lhe que ele será acolhido alegremente, com todo o coração, e
que ele há de se sentir em “sua casa”. Assim, o profano, com o espirito
livre, se entregará inteiramente à conquista das verdades prometidas.
O Mercúrio
Representado
pelo Galo, é um símbolo não apenas de Vigilância e Coragem, como também
de Pureza. Princípio fêmea, na alquimia, é considerado Hermeticamente
como o princípio da Inteligência e Sabedoria.
Enxofre
É considerado o princípio macho, na alquimia. É o símbolo do espírito e por isso simboliza o ardor.
3) Utensílios maçônicos:
a) O compasso: medida na procura;
b) O esquadro: retido na ação;
c) O maço: vontade na aplicação;
d) O fio de prumo: profundidade na observação;
e) O nível: atuação correta dos conhecimentos;
f) Avental: simboliza o trabalho constante;
g) Régua: Simboliza o aperfeiçoamento.
O triângulo da Nudez
- O despojo de todo convencionalismo que impede a sincera manifestação de seus sentimentos e de suas aspirações mais profundas (nudez do peito esquerdo);
- Do orgulho intelectual, que impede o reconhecimento da Verdade (nudez do joelho direito);
- Da insensibilidade moral, que impede a prática da Virtude (nudez do pé esquerdo).
Os Três Anos
Os três anos do Aprendiz e os três passos de sua marcha, ainda lembrando as três viagens da iniciação, são evidentemente o símbolo do tríplice período que marcará as etapas de seu estudo e de seu progresso. Estes três períodos referem-se particularmente às três artes fundamentais (Gramática, Lógica e Retórica) a cujo estudo deve aplicar-se, ainda que deva contentar-se com dominar unicamente a primeira, por ser a perfeição da segunda e da terceira, respectivamente, o objeto do domínio dos Companheiros e Mestres.
Águia Bicéfala
Deus meumque jus
"Deus e meu direito"
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E acrescenta, no verbete águia bicéfala: Segundo Frazer, este símbolo, de origem hitita, teria sido retomado na idade Média pelos Turcos seljúcidas, emprestados destes pelos Europeus durante a época das Cruzadas, para chegar por este caminho às armas imperiais da Áustria e da Rússia. É símbolo armorial da casa imperial dos Habsburgos, varrida da Europa pelas diversas revoluções democráticas.
A dupla cabeça lembra a dupla face da divindade Janus, permitindo-lhe olhar em diversas direções, bem como ao passado e ao futuro.
As cores branca e negra estão diretamente relacionadas a obra da Arte Real, envolvendo a purificação da matéria.
As Três Colunas
Sabedoria, Força e Beleza, os três pilares da construção maçônica, correspondem aos arcanos III, XI e XVII do Tarô, que figuram a mais alta inteligência teórica, a energia prática aplicada judiciosamente e o sentido estético que sabe tudo idealizar.
A linguagem alegórica da Maçonaria deve, com efeito, ser meditada com cuidado. Os símbolos generalizam aquilo que as palavras especificam. Eles permitem expressar ideias gerais que representam leis imutáveis do pensamento humano. Eles não têm um valor determinado e invariável, mas são susceptíveis, ao contrário, a ser vistos de múltiplos pontos de vista, dando lugar, a cada vez, a interpretações análogas, mas diferentes. Não se saberia, pois, expor tudo aquilo que pode significar um símbolo. Não há nunca, num símbolo, senão aquilo que se sabe ver. O simbolismo é uma escrita que é preciso aprender a ler.
Daquele unicamente, para quem os símbolos não são mais letra morta pode-se dizer que é um Pensador e um real Iniciado.
Fontes:
O Simbolismo Hermético - Oswald Wirth
A Simbólica Maçônica - Jules Boucher
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Um dos Princípios do Caminho Óctuplo de Buda era:
Palavra Correta.