Melquisedec aparece 2 vezes no Antigo Testamento:
Gênesis 14,17-20:
Quando Abrão voltou, depois de ter derrotado Codorlaomor e os reis
aliados, o rei de Sodoma foi ao seu encontro no vale de Save, que é o
vale do rei. 18 Melquisedec, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo,
levou pão e vinho, 19 e abençoou Abrão, dizendo: «Bendito seja Abrão
pelo Deus Altíssimo, que criou o céu e a terra; 20 e bendito seja o Deus
Altíssimo, que entregou os inimigos a você». E Abrão lhe deu a décima
parte de tudo.
Salmos 110,4:
Javé jurou e jamais desmentirá: «Você é sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec».
No Novo Testamento aparece na Carta aos Hebreus onde
Jesus é identificado como um sacerdote para sempre segundo a ordem de
Melquisedec. Trata-se de uma clara citação do Salmo 110 (veja, por
exemplo, o capítulo 7 da carta).
Livro: Hebreus
Capítulo 7
1 | Porque
este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu
ao encontro de Abraão, quando voltava da matança dos reis, e o
abençoou,
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2 | para
o qual também Abraão separou o dízimo de tudo (primeiramente se
interpreta rei de justiça, depois também é rei de Salém, ou seja, rei de
paz;
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3 | sem
pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim
de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de Deus), permanece
sacerdote perpetuamente.
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4 | Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos melhores despojos.
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5 | Ora,
os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm mandamento de
recolher, de acordo com a lei, os dízimos do povo, ou seja, dos seus
irmãos, embora tenham estes descendido de Abraão;
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6 | entretanto, aquele cuja genealogia não se inclui entre eles recebeu dízimos de Abraão e abençoou o que tinha as promessas.
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7 | Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoado pelo superior.
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8 | Aliás, aqui são homens mortais os que recebem dízimos, porém ali, aquele de quem se testifica que vive.
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9 | E, por assim dizer, também Levi, que recebe dízimos, pagou-os na pessoa de Abraão.
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10 | Porque aquele ainda não tinha sido gerado por seu pai, quando Melquisedeque saiu ao encontro deste.
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11 | Se,
portanto, a perfeição houvera sido mediante o sacerdócio levítico (pois
nele baseado o povo recebeu a lei), que necessidade haveria ainda de
que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e
que não fosse contado segundo a ordem de Arão?
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12 | Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei.
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13 | Porque aquele de quem são ditas estas coisas pertence a outra tribo, da qual ninguém prestou serviço ao altar;
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14 | pois é evidente que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo à qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes.
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15 | E isto é ainda muito mais evidente, quando, à semelhança de Melquisedeque, se levanta outro sacerdote,
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16 | constituído não conforme a lei de mandamento carnal, mas segundo o poder de vida indissolúvel.
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17 | Porquanto se testifica: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
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18 | Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade
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19 | (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus.
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20 | E, visto que não é sem prestar juramento (porque aqueles, sem juramento, são feitos sacerdotes,
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21 | mas este, com juramento, por aquele que lhe disse: O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre);
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22 | por isso mesmo, Jesus se tem tornado fiador de superior aliança.
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23 | Ora, aqueles são feitos sacerdotes em maior número, porque são impedidos pela morte de continuar;
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24 | este, no entanto, porque continua para sempre, tem o seu sacerdócio imutável.
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25 | Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.
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26 | Com
efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável,
sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus,
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27 | que
não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os
dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados, depois, pelos do
povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu.
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28 | Porque
a lei constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos à fraqueza, mas a
palavra do juramento, que foi posterior à lei, constitui o Filho,
perfeito para sempre.
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Além dessas passagens esse personagem aparece no livro apócrifo Enoch,
conhecido também como Enoch Eslavo. Neste apócrifo há uma sessão que se
chama:
“Exaltação de Melquisedec”.
Nela se conta como ele nasceu de uma
virgem (Sofonim), esposa de Nir, irmão de Noé. Nasceu depois que sua mãe
morreu. Sentou-se na cama ao lado do corpo da mãe, e, quando nasceu,
era já desenvolvido, vestido e falando bendizia ao Senhor. Havia já os
vestidos do sacerdócio. 40 dias após seu nascimento o arcangelo Gabriel o
leva até o Jardim do Édem, sendo salvo do dilúvio, sem ter que ir para a
Arca de Noé. Talvez a frase em Hebreus 7,3 tenha essa tradição: Sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem começo nem fim de vida como o Filho de Deus, Melquisedec permanece sacerdote para sempre.
Em Qumran,
na gruta 11, foi encontrado um texto que fala de Melquisede (1Q13 -
11QMelch). Neste texto ele é visto como um ser divino a quem é dato
também o títolo de Elohim. Segundo esse texto será ele que proclamará o
dia da expiação e julgará os povos.
O significado do nome é muito discutido. Hebreus 7,1 diz que Melquisedec significa rei de justiça; além disso, ele é rei de Salém, isto é, «rei de paz»
(o mesmo significado presente em Philo e Josefo). Em hebraico o nome é
dito com duas palavras ("malki zedek"). A LXX, em grego, traz
Melchisedek e a Vulgata, em latim, Melchisedeh. O significado
normalmente é baseado na palavra hebraica “melek”, que significa “rei” e
“tzedek” (“justo”). Essa interpretação poderia ser comprovada pelo uso
em Qumran de “Melqui-resha”, que significa “rei do mal”, em oposição ao
“rei justo”. Todavia em “Melki”, além do substantivo “rei” existe o
pronome possessivo “meu”, que causa algum problema. Literalmente o
significado é “meu rei”. Por causa disso há alguns espertos que defendem
que o significado original seria “(o deus) Sedeq é meu rei”. De fato no
mundo cananeu e fenício existe o deus Suduk ou Sudek.
Gênesis diz que Melquisedec era rei de Salém,
que normalmente é tido como um sinônimo para Jerusalém. Contudo também
aqui nem todo mundo concorda. Albright, por exemplo, diz que Salém é uma
corrupção de outro original que seria “shelomo” (literalmente: “de sua
paz”) e em palavras nossas significaria semplismente “rei aliado” e o
texto invés daquilo que temos (Melquisedec, rei de Salém) seria: Melquisedec, rei aliado.
Outro apelativo que dá Gênesis a Melquisedec é Sacerdote de El Elion
(traduzido na citação acima, da Bíblia Pastoral (também a Almeida!),
como “sacerdote do Deus Altíssimo”). Em outras passagens esse título é
dado a YHWH. Provavelmente, com base também numa inscrição em aramaico
do oitavo século antes de Cristo, Elion era um Deus diverso da YHWH e as
duas divindades foram unidas só mais tarde, pelos redatores do texto
bíblico (como é o caso do deus El).
Leia:
Fontes:
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Muito bom artigo, tirei minhas dúvidas.
ResponderExcluirObrigado!
Oi.
ExcluirObrigado pelo comentário, que bom que eu pude ajudar!
Tchau!