01/12/2023

A Coroa de Espinhos

 

 «Os soldados, tendo tecido uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e vestiram-no com um manto de púrpura; chegavam-se a ele e diziam: Salve, Rei dos judeus! e davam-lhe bofetadas. Outra vez saiu Pilatos e disse-lhes: Eis que vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele crime algum. Saiu, pois, Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Disse-lhes Pilatos: Eis o homem!» (João 19:2–5) 

 


 

Pelo esforço da Yoga e da Meditação, no interior do homem vai se definindo um novo ser, que pouco a pouco se faz senhor das forças instintivas emocionais. É um período de transição e de crise psíquica por que passam todos os que trilham o caminho do Adeptado. É o período que os Iniciados denominam do Chrestus, do “Homem da Dor”, em que os poderes instintivos emocionais estão sendo dominados por Samael, que todos temos potencialmente. O Microcosmos e o Macrocosmos entre chocam-se, o nosso universo elemental é abalado em suas estruturas. É nesse estado de espírito que a Voz do Silêncio sentencia que o discípulo terá que “lavar os pés com o sangue do coração”.

É a noite espiritual, pois o Mestre Interno, impassível, apenas assiste ao drama do Gólgota. A Personalidade está só na luta. Um grande sentimento de solidão apossa-se da Alma do discípulo, necessariamente ele tem de estar só, pois a luta pertence unicamente à Personalidade e a ninguém cabe o direito de interferir, posto tratar-se de uma gestação interna individual. O caminho da Realização Interna só pode ser percorrido pelos Heróis da Evolução.

Esse período do Chrestus faz parte da história de todos os Grandes Iluminados em todos os Tempos. A Lei é severa e imutável, não há excepção. Vencida a grande batalha da Suprema Iniciação, o Chrestus vencedor, realizador do Arcano 22, santificado pelo Sacrifício, recebe o Christus ou Ungido e funde-se no Senhor. É, doravante, o Mago Perfeito de que nos fala o Arcano Um. É a serpente mordendo a própria cauda – o Ouroboros.

 

Ouroboros



Fonte:
Cadernos Fiat-Lux

01/11/2023

O Mito de Sísifo e Íxion e a Lei da Reencarnação




Sísifo

Sísifo recebeu uma punição: foi condenado a, por toda a eternidade, rolar uma grande pedra de mármore com suas mãos até o cume de uma montanha, sendo que toda vez que ele estava quase alcançando o topo, a pedra rolava novamente montanha abaixo até o ponto de partida por meio de uma força irresistível, invalidando completamente o duro esforço despendido. Por esse motivo, a expressão "trabalho de Sísifo", em contextos modernos, é empregada para denotar qualquer tarefa que envolva esforços longos, repetitivos e inevitavelmente fadados ao fracasso - algo como um infinito ciclo de esforços.


Íxion

Íxion foi morto por Zeus e foi mandado para o submundo, onde — por punição — foi amarrado a uma roda e queimado por toda a eternidade.

Tântalo, Sísifo e Íxion



Reencarnação

Orfeu,  ensinou que a alma imortal aspira à liberdade enquanto o corpo a mantém prisioneira. A roda do nascimento gira, a alma alterna entre liberdade e cativeiro em volta do amplo círculo da necessidade.

Os primeiros textos budistas discutem o renascimento como parte da doutrina de Saṃsāra. Esta afirma que a natureza da existência é um "ciclo da vida carregado de sofrimento, morte e renascimento, sem começo nem fim". Também chamada de roda da existência (Bhavacakra), é frequentemente mencionada nos textos budistas com o termo punarbhava (renascimento, re-devir). A libertação deste ciclo de existência, o Nirvana, é o fundamento e o objetivo mais importante.

 

 

Nós somos o Sísifo girando a roda pela eternidade, só com a autopurificação será possivel que a alma complete a ascensão espiral do destino para viver para sempre.




Fontes:

https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADsifo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reencarna%C3%A7%C3%A3o
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dxion

01/10/2023

Isaac Newton o Último Alquimista



Três séculos depois da publicação de sua mais famosa obra, Princípios matemáticos da filosofia natural (1687), a imagem clássica, racional e bem comportada do pai da ciência moderna é desafiada por uma sombra, a do "último dos mágicos, o último dos sumérios e babilônicos". A ousada afirmação coube ao economista John Maynard Keynes (1971-1980), no ensaio biográfico Newton, the man, de 1946. Dez anos antes, Keynes comprara um lote de manuscritos de alquimia pertencentes a Sir Isaac, doando-os em seguida ao King's College. Ainda em nossos dias, contudo, Richard Westfall (1995, p.114), o famoso biógrafo de Newton, registra:

Uma das grandes paixões da vida de Newton, como atesta um vasto corpo de documentos que se estendeu por mais de 30 anos, e uma investigação que inclui o contato com círculos alquímicos, como atestam suas cópias de tratados não publicados, permaneceram basicamente ocultas do conhecimento público, e assim permanecem até hoje.

Os biógrafos de Newton resistiram muito para admitir que esses escritos esotéricos tivessem interesse para entender sua obra científica, o lado sério do sábio. No século XVIII, as Cartas filosóficas de Voltaire viam nisso apenas uma espécie de passatempo, destinado a descansar o espírito entre experimentos e deduções. Alguns historiadores do século XIX tentavam associar esses papéis a uma crise nervosa passageira, que teria abalado o pai da física moderna. Outros procuravam maquiar desajeitadamente as datas: as especulações místicas seriam o fruto de uma fase tardia e declinante do grande pensador. A esse respeito, um pequeno estudo de Charles Webster (1988, p.119) sentencia:

Introduziu-se um importante elemento de distorção nas descrições do surgimento da ciência moderna com a subestimação do grau em que autores como Paracelso, ou autores que pertençam à tradição do neoplatonismo ou do hermetismo, continuavam sendo parte integrante dos recursos intelectuais da élite educada até bem tarde no século XVII. É tão grande a evidência que indica o constante interesse em filosofias contrárias à filosofia mecanicista, que a única forma de acomodar essa grande anomalia foi separar os líderes da ciência – considerando-os homens representativos de seu tempo – da maioria mais crédula e não representativa. Para a desgraça dos que propõem esta teoria, figuras de notável importância, incluindo o próprio Newton, acabam tendo vivo interesse pelo oculto. A única maneira de encontrar uma saída para esse fenômeno é adotar o recurso pouco convincente de postular uma divisão de personalidade nos cientistas acusados de serem inconsistentes na prática do ideal ilustrado.

Havia, enfim, quem considerasse tais elaborações simples metáforas e deslizes de um cérebro essencialmente racional. Contudo, freudianos ou não, fomos cada vez mais obrigados a perceber que lapsos e metáforas não são casuais, mas sintomas que revelam traços decisivos da vida e do pensamento. E Newton não parece escapar a essa regra.

Um desses relutantes biógrafos, Charles Lamb, garantia que Newton se recusava a acreditar em algo que não tivesse a clareza dos três lados de um triângulo. Mas o ensaio de Keynes e a leitura dos manuscritos revelam coisa bem diferente sobre os impulsos, motivações e caminhos pelos quais o sábio perseguia suas hipóteses. Na base desse trabalho mental estava uma crença originária, obscura e bem pouco geométrica: Newton parecia acreditar firmemente que a verdade sobre o mundo havia sido impressa por Deus em alguns sinais – presentes em documentos sagrados, escritos em linguagem criptográfica, alegorias e símbolos. A experiência e a demonstração matemática, ao que tudo indica, eram um passo posterior de seu estudo. Numa célebre conversa com o astrônomo Halley, Newton dava a entender que se tratava de provar, pela dedução e pela experiência, algo que já sabia há muito tempo – e que, antes dele, já sabiam os antigos. As medidas do Templo de Salomão e o Livro de Daniel, por exemplo, trariam, codificados, segredos do mundo. É ainda Webster (1988, p.31) quem lembra:

Newton e seus companheiros não reconheciam nenhuma diferença radical entre seus estudos científicos e os estudos de textos sagrados. A analogia entre o livro da natureza e o livro da revelação era lugar-comum. Para o cientista, o comentário sobre textos alquímicos representava a aplicação de habilidades analíticas a uma via da verdade que tinha parentesco tanto com a revelação como com a natureza.

Não nos deveria espantar, portanto, que a biblioteca de Newton abrigasse, ao lado dos textos religiosos e da sabedoria dos antigos, uma enorme coleção de obras de escritores herméticos, os alquimistas, sobre a transmutação dos metais em ouro, a pedra filosofal, o elixir da vida.

Desse modo, a convicção inicial, intuída a partir dessas fontes pouco ortodoxas, era elemento decisivo para estimular e dirigir a atividade investigadora, selecionando hipóteses e indicando caminhos para o pensamento. Keynes lembra que a loucura de Newton era extremamente metódica, disciplinada. Os seus escritos de alquimia não eram passatempo mal cuidado e febril. Alguns eram registros precisos, sóbrios e pacientes de experimentos exóticos. Outros continham traduções e comentários minuciosos de autores herméticos, como um índice químico, em que classificava quase novecentos verbetes, comentando mais de cinco mil páginas de leituras rigorosas. Mais um detalhe importante é repetidamente ignorado pelos biógrafos ortodoxos: essas volumosas anotações haviam sido feitas exatamente durante os mesmos 25 anos dos principais estudos matemáticos de Sir Isaac, algo enfatizado por Westfall (1995, p.208) contemporaneamente:

(Newton) tampouco omitiu a alquimia, ao reunir seu legado filosófico. Ao contrário, uns bons 50% de seus extensos ensaios alquímicos, que tinham sido interrompidos pelos Principia durante dois ou três anos, vieram do período imediatamente posterior a estes. Se podemos julgar pela quantidade de manuscritos, Newton dedicou mais tempo à alquimia no início da década de 1690 do que a todas as outras coisas juntas.

É ainda Westfall (1995, p.112-3) que destaca outro fato revelador da vida intelectual do grande sábio:

Sólidas provas nos mostram ... que, como quer que tenha começado, a atividade alquímica de Newton incluiu sua introdução pessoal na sociedade basicamente clandestina dos alquimistas ingleses. Sua leitura da alquimia não se restringiu à palavra impressa. Há entre seus manuscritos um maço grosso de tratados sobre o assunto, em sua maioria não publicados, escritos por pelo menos quatro mãos diferentes. Como Newton copiou cinco dos tratados, além de algumas receitas, a coleção parece ter-lhe sido emprestada para fins de estudo e, por alguma razão, não foi devolvida.

Já se disse que a principal obra de Newton é um livro que muitos desejariam ter lido, mas poucos desejam ler. Os manuscritos de alquimia, por outro lado, são textos que muitos desejariam que não tivessem sido escritos. E isso não é jogo de palavras: os documentos doados por J. M. Keynes haviam sido recusados anteriormente pela Universidade, com o sintomático argumento de que não possuíam interesse científico. Quais os motivos dessa insistente negação do lado sombrio da estrela?

Uma das razões talvez tenha a ver com circunstâncias históricas, sociais e políticas. Afinal, há trezentos anos Sir Isaac é a figura mais venerada da tradição britânica, uma espécie de herói nacional, cujo rosto marca as notas de uma libra. Além disso, as imagens iluministas e vitorianas de Newton, símbolo imaculado de racionalidade, progresso e virtude, tinham de ser defendidas dos ataques de Leibniz, seu terrível rival alemão.

Mas haveria uma razão a mais para considerar irrelevante ou irreal esse outro Newton. É o historiador John Henry (1988) quem afirma:  

"Newton possui essa personalidade dividida simplesmente porque nós vemos ciência e magia como abordagens incompatíveis para a compreensão do mundo. Mas deveríamos reconhecer que magia, e mesmo ciência, significam diferentes coisas para diferentes culturas".

Webster (1988, p.34) acrescentaria, a esta observação, uma outra, relativa especificamente à história intelectual do século XVII:

A magia como representação de um ritual que tende a controlar forças consideradas causantes da sucessão dos acontecimentos caiu lentamente em um estado latente entre a elite intelectual, mas parece que a infraestrutura conceitual da magia foi mantida com convicção durante um período muito mais longo. ... Consequentemente, é importante não supor que o declínio da magia operativa popular significava o completo abandono de uma visão mágica do mundo.

Certamente poderíamos admitir que, para elaborar a teoria da gravitação, Newton não precisaria tomar de empréstimo aos autores herméticos, aqueles comprometedores esquemas. Pode ser. Mas para a história e autoanálise das ciências, e para a compreensão de seus impasses e soluções, esses aparentes detalhes são decisivos. Como lembram alguns desses estudiosos, não é importante apenas descobrir como o sábio poderia ou deveria ter agarrado suas teorias e demonstrações, mas, também e sobretudo, como efetivamente ele as agarrou. E todo aquele que estuda os fatos humanos sabe que compreender uma época ou um autor significa também explicar aquelas sombras que eles obsessivamente recusam admitir.




Newton, O alquimista. 

Se muitas pessoas hoje encaram Isaac Newton, como um dos principais nomes da ciência, outras pessoas o tratam como um dos principais nomes da alquimia. O biografo de Newton, Richard Westfall escreveu em 1980:

 “Uma das grandes paixões davida de Newton, como atesta um vasto corpo de documentos que se estendeu por mais de 30 anos, e uma investigação que inclui o contato com círculos alquímicos, como atestam suas cópias de tratados não publicados, permaneceram basicamente ocultas do conhecimento público, e assim permanecem até hoje".

”Um dos primeiros vestígios do interesse de Newton pela alquimia foi descoberto em uma analise de cabelo de Newton, onde foi encontrado 40 vezes mais mercúrio que o normal. Posteriormente a esse ocorrido, inúmeras organizações secretas, e outras nem tão secretas assim, começaram uma busca por escritos perdidos de Sir Isaac Newton. Entretanto, os biógrafos e estudiosos de Newton, relutaram muito a divulgar esse lado de Newton. Primeiramente porquê custavam a crer que o inventor do cálculo integral & diferencial, o pai da mecânica e um dos maiores visionários da ciência, nas horas vagas se trancava em seu laboratório e passava horas estudando magia e tentando transformar metais em ouro. Isso porquê a visão de Newton como um religioso, místico ( e por que não feiticeiro ) era absurdamente ultrajante a sua memória. 

Outros estudiosos encaravam estes interesse de Isaac Newton pela alquimia como um mero hobby no qual Newton dedicava boas horas de seu tempo e interesse. Alguns enxergavam neste lado obscuro de Newton, seus momentos de delírio e insensatez. O historiador B.J.T Dobbs, acreditava que o lado alquímico de Newton era não só verdadeiro, como profundo e demasiadamente empolgante. Tanto que escreveu um livro inteiramente para retratar a “alquimia Newtoniana” , o livro “. The Foundations of Newton’s Alchemy. Cambridge: University Press, 1974” Para alguns historiadores, todas as façanhas de Newton foram trabalhos alquímicos, como o estudo da natureza da luz ou as noções degravitação. Entretanto acredita-se que Newton foi o grande realizador da “grande obra”, já que em uma de suas cartas com outro alquimista Robert Boyle, Newton pede a Boyle um “High Silence” (Alto silencio, em tradução livre). Esse “High Silence” seria dado a muitos dos trabalhos de Newton. Por conta disso, acredita-se que Newton chegou aum de seus objetivos : transformar metais em ouro. Essa é uma das razões pelas quais Newton optou por ser superintendente da Casa da Moeda Britânica em 1696, onde poderia fazer muitos experimentos. Mas Newton não divulgou seus trabalhos alquímicos, primeiramente por considerar a alquimia algo que deva ser estudado em segredo, segundo porque a Santa Inquisição Católica não distinguia a alquimia da magia (mesmo tendo muitos padres e bispos sendo alquimistas dedicados). Essa escolha pelo sigilo é explicada por Dobbs : 

"O fato de que Newton nunca publicou um trabalho sobre alquimia não pode ser entendida no sentido de que ele sabia que tinha fracassado (na Grande Obra). Pelo contrário , isso provavelmente significa que ele teve sucesso suficiente para pensar que ele poderia estar no caminho de algo de fundamental importância e por isso tinha uma boa razão para manter seu "high silence”. 

“Newton também foi mal interpretado por alguns alquimistas da época, pois tinha um vasto interesse pela religião. Não podemos esquecer que ele era um cristão fervoroso (o que mais uma vez traz o diálogo da ciência x religião). E Newton passou muitos anos de sua vida estudando o antigo testamento. Para ele a bíblia trazia sinais da divindade na natureza. Por isso devia haver traços do poder de Deus em todos os monumentos, objetos e seres da terra. Newton trabalhou exaustivamente em uma reprodução da planta do Templo de Salomão, em busca de vestígios de números e formas perfeitas. Além disso Newton também se preocupou com o livro de Apocalipse. Alguns acreditam que a invenção do Cálculo, se deu pela vontade de Newton de prever a volta de Jesus ou a data do fim do mundo.






Fontes:
https://www.scielo.br/j/trans/a/C8VcGCCjdW4TwQ5k3TPjNZt/?lang=pt
https://alkhemylab.com/blog/o-alquimista-isaac-newton/
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/04/160413

01/08/2023

Tarot Cabalistico de G.O.M. - Arcanos Maiores

 

O Tarô Cabalístico G.O.M. foi preparado ao longo de 20 anos pelo estudioso russo Shael Yeremyan, que contou com a participação da artista Susanna Ayvazian.
As lâminas criadas seguiram referências do Tarot de Papus e dos desenhos impressos na "Enciclopédia de Ocultismo", de G. O. Mebes, publicado em Xangai, em 1937. 

 























 

 



Fonte:
http://www.clubedotaro.com.br/site/galerias/GOM-Yeremyan-Aybazian.asp