02/06/2018

Golden Down / Aurora Dourada - Graus e Ensinamentos


Rosacruz da Ordem Hermética




INTRODUÇÃO


A Golden Dawn foi, sem dúvida, a mais poderosa sociedade secreta iniciática que se tem conhecimento, e a segunda sociedade ocultista mais importante da segunda metade do século XVIII (a primeira foi a Sociedade Teosófica de H.P. Blavatsky), a Ordem da Aurora Dourada (Golden Dawn), era muito menor que a Sociedade Teosófica, e nunca chegou a contar com mais de 300 membros em um mesmo período, mas sua influência foi muito maior que a sugerida pelo número de seus afiliados.

Fundada três anos antes da morte de Helena Blavatsky, a nova organização foi estabelecida, pelo menos em parte, como uma reação ocidental ao orientalismo da Sociedade Teosófica. Apesar de envolta em mantos egípcios, a Aurora Dourada tinha escoras greco-romanas e evocava a fraternidade cristã dos rosa-cruzes. Todos seus membros fundadores eram, com efeito, rosa-cruzes e maçons.

Surgida na Inglaterra em 1888 por quatro membros da S.R.I.A. (Societas Rosecruciana in Anglia), desapareceu pouco menos de 30 anos depois de criada, dilacerada por disputas de poder. Entretanto, vários magos iniciados pela Ordem - entre eles, o famoso Aleister Crowley. Mas seus magos polinizaram sua tradição por todo mundo; ainda pode ser encontrada através de novas linhagens, mas não mais sob a estrutura original.

Foi uma das Ordens precursoras do renascimento do paganismo no fim do séc. XIX e inicio do séc. XX, influenciando muito dos sistemas de estudo de Ocultismo e Magia atualmente, responsável por divulgar no ocidente uma síntese de vários sistemas mágicos até então isolados, como a Cabala, a Magia Sagrada de Abramelin, o Tarô, os grimordios de Salomão, a magia Enoquiana de John Dee e Edward Kelly, o sistema Rosa-Cruz, os Tattwas, a Astrologia, a Alquimia etc. Muito mais em conseqüência de traições dos votos de sigilo de seus membros (notadamente Crawley e Regardie). 

Societas Rosicruciana in Anglia (S.R.I.A.) - A Societas Rosicruciana in Anglia foi fundada em 1867 e derivada da S.R.I.S. (Societas Rosicruciana in Scotia, a primeira Societas Rosicruciana, fundada na Escócia) seguinda da admissão de William James Hughan e Robert Wentworth Little naquela ordem. Os dois avançaram rapidamente na Escócia e ganharam a patente para foram a Sociedade na Inglaterra. A primeira formação ocorreu em 1º de junho de 1867 em Aldermanbury, Londres, como Frater Little eleito Supremo Magus. Não confundir a S.R.I.A. em Londres com a atual S.R.I.A. nos Estados Unidos. 



O Sistema da Golden Dawn

A principal proposta da Ordem Hermética da Aurora Dourada era colocar em prática os Rituais e Ensinamentos da Magia, fortemente influenciados pelos textos de John Dee, Eliphas Levi e Francis Barret, entre outros.

Do material publicado pela Ordem, o mais polêmico de todos foi a tradução do livro "A Magia Sagrada de Abramerlin", com o original encontrado em Paris, datando de 1458. Também merece destaque a publicação da “Clavícula de Salomão”, o Rei bíblico, uma cartilha que instruía os magos a usarem roupas peculiares e a empregar figuras geométricas, espadas, varinhas de condão e cantilenas que levavam horas para ser entoadas. [Clavícula = pequena chave]. Destaca-se também a obra “Kaballa Denudata”, escrita por Mathers.

Muito do conhecimento válido sobre a magia cerimonial ocidental foi desenvolvido ou compilado de outras fontes pela Golden Dawn original ou por um dos seus grupos descendentes. 

O sistema da Golden Dawn era eminentemente simbólico e sintético, o que levou à necessidade de alicerçar este discurso numa linguagem que fosse equidistante dos sistemas ocultistas preexistentes. A linguagem do Tarot serviu para esse propósito.

"A Magia Sagrada de Abramerlin" - O suposto original hebraico de dita obra e a cópia manuscrita em francês estão conservados na Biblioteca do Arsenal de Paris. Ao que consta, foi escrito por Abrahan Merlin, que teria vivido cem anos (entre 1362 e 1462), tendo acesso a todos os conhecimentos secretos de magia, que teria adquirido de seu pai, conhecido por Simão, o Mago. O livro descreve uma cerimônia que promete possibilitar ao seu praticante conhecer e conversar com o seu anjo da guarda.

“Clavícula de Salomão” - O grimório contém uma coleção de 36 pantáculos (não confundir com pentáculos) que possibilitariam uma ligação entre o plano físico e os planos sutis, além de descrever minuciosamente os materiais, correspondências simbólicas, instrumentos e procedimentos utilizados na magia cerimonial, ensina uma série de cerimônias mágicas para diferentes objetivos.
Os textos teriam a sua inspiração em ensinamentos cabalísticos e talmúdicos. Considerado o primeiro manual de Magia Cerimonial escrito no Ocidente, o livro apareceu originalmente no Império Bizantino, no século XII da Era Cristã, e logo tornou-se conhecido em toda a Europa. Existem diversas versões da Chave de Salomão, em várias traduções, com menores ou maiores variações de conteúdo entre elas, sendo que a maioria dos manuscritos originais datam dos séculos XVI e XVII, entretanto, há uma versão em grego datada do século XV. No século XIX, grandes magos da França e da Inglaterra resgataram a obra, utilizando para isso edições do século XV, preservadas nas Bibliotecas de Londres e de Paris.



O Hexagrama



GRAUS

Para se ter ideia do caminho místico que um membro da Aurora Dourada devia percorrer, é importante saber que toda sociedade oculta possui um conjunto de metas (ou ideais) representado por uma simbologia, e que o processo de domínio dessa simbologia é demarcado por uma série de graus, tendo cada um seu próprio Ritual.

O aspirante a membro da Aurora Dourada era admitido na condição de Neófito, na qual permanecia por algum tempo, recebendo ensinamentos básicos e sendo avaliado pelas autoridades da Ordem. Uma vez aceito, ele ingressava no Primeiro Grau, iniciando sua jornada de aprendizagem.

Os quatro primeiros graus constituíam o Círculo Externo da Ordem ou Primeira Ordem:
Zelator 1°=10°
Theoricus 2°=9°
Practicus 3°=8°
Philosophus 4°=7°

Ao completar o grau de Philosophus, o membro habilitava-se a ingressar no Círculo Interno ou Segunda Ordem que, a partir de 1892, tornou-se a Ordem da Rosa de Rubi e da Cruz de Ouro (Ordo Rosae Rubeae et Aureaue Crucis). Após passar pelo grau intermediário de Senhor dos Caminhos, no Portal da Cripta dos Adeptos (onde esperaria durante nove meses), o aspirante estava preparado para sua caminhada pelos graus do Círculo Interno:
Adeptus Minor 5°=6°
Adeptus Major 6°=5°
Adeptus Exemptus 7°=4°

Embora, teoricamente, o caminhante pudesse atingir o:
7°, o grau de Adeptus Minor era o máximo que qualquer membro conseguiria chegar. 
O 6° era, na prática, reservado aos fundadores da Ordem, enquanto no 7° estariam três Chefes Secretos, só conhecidos pelos seus lemas em Latim.

Havia ainda um Terceiro Círculo, ocupado por Chefes ainda mais Secretos, que, supunha-se, existiam apenas no Plano astral. Nesse Círculo cabiam três graus:
Magister Templi 8°=3°
Magus 9°=2°
Ipsissimus 10°=1°

O conjunto de graus da Ordem, numerados do 10° ao 1° em ordem decrescente, referia-se aos dez sephiroth (emanações do Divino) na Árvore da Vida cabalística, com a adição do grau Neófito 0°=0°.

Sobre os graus, a Golden Dawn divide-se em A Segunda Ordem, e sobre esta nada se fala externamente, somente encontram-se documentos sobre rituais, lições e afins do grau de Adeptus Minor 5º=6°, o primeiro grau da Segunda Ordem.

No entanto há a chamada Primeira Ordem, que compreende cinco graus: Neófito, Zelator, Theoricus, Practicus e Phiolosophus. Todos relacionados à Árvore da Vida.

O Neófito (semelhante ao Probacionista da Astrvm Argentvm) estaria em um período unicamente de provas para mostrar-se merecedor do ingresso na Ordem. O Zelator estaria na Sephirah de Malkhut, o Theoricus em Yesod, o Practicus em Hod e o Philosophus em Netzach.

Após tais graus há a Cripta dos Adeptos, bem como na Árvore da Vida há o Véu de Paroketh. E é somente aí que o conteúdo mais prático da Ordem será mostrado, pois até então era mínima parte não-teórica, após a Cripta é que há o início da Segunda Ordem.

A Grade de Estudos era bastante exigente em relação ao estudante, que, para passar de um Grau a outro necessitava provar seu domínio do Grau ao qual estava preste a abandonar.