04/12/2020

Salmo 133 - O Salmo Maçom




Salmo 133


Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união.
É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes.
Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre.



Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Salmo_Ma%C3%A7om
Salmo: 133:1-3

30/11/2020

Xadrez - Aspecto Esotérico

 

O xadrez é um jogo antiquíssimo, tem muitos milênios de existência, e por isso não é de se estranhar que estejam ligadas a ele lendas cuja veracidade é difícil de comprovar, devido à sua antigüaidade. Para compreendê-lo, não é necessário ser um mestre no xadrez, basta simplesmente saber que o tabuleiro onde se joga está dividido em 64 casas, divididas igual e alternadamente em brancas e pretas.

Uma das lendas diz que o jogo de xadrez foi aperfeiçoado na Índia. Quando o rei Cheram o conheceu, ficou maravilhado do engenhoso que era esse jogo e da múltipla variedade de posições que nele são possíveis.

Ao se inteirar de que o suposto inventor era um de seus súditos, o rei mandou chamá-lo com o objetivo de recompensá-lo pessoalmente por seu acertado invento. O estudoso, de nome Seta, apresentou-se ante o soberano, vestindo-se com muita modéstia, e que vivia graças aos meios que lhe proporcionavan seus discípulos.

Seta, quero te recompensar dignamente pelo engenhoso jogo que inventaste, disse o rei. O sábio agradeceu, mas não aceitou a generosidade. Sou rico o bastante para cumprir qualquer desejo teu.

Diz-me recompensa que desejas e eu te satisfarei. Seta continuou calado. Não sejas tímido, expressa teu desejo, não vacilarei em nada para satisfazê-lo.

Grande é a tua magnanimidade, ó soberano, porém concede-me um curto prazo para meditar sobre a resposta, e amanhã, depois de árduas reflexões comunicarei ao senhor a petição.

Quando ao dia seguinte Seta se apresentou de novo ante o trono, deixou o rei maravilhado por sua petição sem precedentes. Soberano, disse Seta, manda que me entreguem um grão de trigo pela primeira casa do tabuleiro de xadrez. Um simples grão de trigo?, contesto admirado o rei. Sim, soberano, e pela segunda casa ordene que me entreguem dois grãos, pela terceira quatro grãos, pela quarta oito, pela quinta dezesseis, pela sexta trinta e dois etc.

Basta, o rei interrompeu irritado, receberás o trigo correspondente às 64 casas do Tabuleiro de acordo com teu desejo: a cada casinha receberás uma dupla quantidade que pediste, porém deverás saber que tua petição é indigna de minha generosidade; ao me pedir tão mísera recompensa menosprezas irreverentemente minha benevolência.

Em verdade, como sábio que és deverias Ter dado maior prova de respeito ante a bondade de teu soberano. Sai daqui, meus servos te darão esse saco de trigo que solicitaste.

Os matemáticos da corte trabalharam intensamente para calcular a recompensa de Seta, que ficou esperando na porta do palácio real. Somente ao amanhecer do outro dia o matemático chefe da corte solicitou audiência para apresentar ao rei um informe muito importante: Ó rei, calculamos escrupulosamente a quantidade de grãos que Seta deseja receber.

Resulta uma cifra astronômica, absurdamente gigantesca. Seja qual for sua magnitude, interrompeu com altivez o rei, meus graneiros não empobrecerão meus depósitos, prometi dar a recompensa a Seta e portanto eu a entregarei. Soberano, agora não depende de tua vontade o cumprir semelhante desejo, em todos os teus graneiros não existe a quantidade de trigo que exige Seta. Tampouco existe nos graneiros de todo o reino, até mesmo os graneiros do mundo são insuficientes.

Se desejas entregar sem falta a recompensa prometida, ordena que todos os reinos da terra se convertam em lavouras, manda secar mares y oceanos, ordena fundir os gelos y as neves que cobrem os distantes desertos do norte, que todo o espaço seja totalmente semeado e se ordene entregar toda a colheita obtida a Seta. Somente então receberá sua recompensa.

Diz-me qual é essa cifra tão monstruosa de grãos, disse o rei, reflexionando espantado. Ó soberano, são DEZOITO QUINTILHÕES, QUATROCENTOS E QUARENTA E SEIS QUATRILHÕES, SETECENTOS E SETENTA E QUATRO TRILHÕES, SETENTA E TRÊS BILHÕES, SETECENTOS E NOVE MILHÕES, CINQUENTA E UM MIL E SEISCENTOS E QUINZE (18.446.744.073.709.051.615).

Ou seja, é o mesmo que 2 elevado à potência 64…

A recompensa do Inventor do Xadrez deverá ocupar um volume aproximado de 12.000 Km3. Se o graneiro tivesse 4 metros de altura e 10 de largura, seu comprimento teria que ter 300.000.000 de quilômetros, ou seja, o dobro da distância que separa a Terra do Sol. 

(trechos tomados do livro O Divertido Jogo das Matemáticas, de autoria de Perelman).
 

 

ASPECTO ESOTÉRICO DO XADREZ

 

Tabuleiro


Representa em si o Jogo da Vida. A vida é um tabuleiro de xadrez, na qual cada um de nossos atos é uma jogada. Se nossas jogadas são boas, inteligentes e oportunas o resultado será o êxito, saúde e longevidade. Se pelo contrário nossas jogadas são feitas de má-fé, egoístas e inoportunas, o resultado será o fracasso, a enfermidade e a morte.O xadrez, além de um ótimo exercício cerebral de estratégia, ativa nossa intuição mais profunda sobre as diversas Partes de nosso Ser Divino

Se analisamos numericamente a quantidade de casas num tabuleiro, encontraremos 64, que para efeitos cabalísticos nos dá um total de 10, o qual representa a Lei da Recorrência, a Repetição, a Retribuição, a Roda do Samsara, as forças evolutivas.

A quantidade de casas brancas é 32 (3 + 2 = 5), a lei do Dharma. Em linguagem mística da luz, quando nos iniciamos no tabuleiro da existência nos recebem as forças brancas, ou seja, os peões com suas forças brancas, ou seja, os peões brancos nos dão as boas-vindas, indicando que começamos a Evoluir.

Como quer que nada na Natureza está extático, chega o momento em que se fracassa e caímos nas garras das forças involutivas. A quantidade de casas pretas é de 32 (3 + 2 = 5), a Lei do Carma. Na linguagem mística das trevas, é a decadência, a disfunção e a morte.

O bem e o mal não existem. Uma coisa é boa quando nos convém e má quando não nos convém. O bem e o mal são uma questão de conveniências caprichosas da mente. O homem que inventou os fatídicos termos Bem e Mal foi um atlante chamado MAKARI KRONVERZYON, distinto membro da sociedade científica AKALDAN, situada no submergido continente atlante.

Esse velho sábio jamais suspeitou do grave dano que causaria à humanidade com a invenção dessas suas duas palavrinhas.
 

Os Peões

 

Quando enfocamos o jogo nos aspectos militares sobretudo nas cortes medievais, simbolizam os soldados do Rei, que é a base dos planos do peão para que avance, é um germe de debilidade que se cria.

Os oito peões são as oito Virtudes da Mãe Devi-Kundalini, que são: Compreensão, Vontade, Verbo, Reto pensar, Reto sentir, Reta maneira de ganhar a vida, que haja Paz e que haja Amor.

Também representa o Arcano oito do Tarô (ou seja, o Padrão das Medidas): a Justiça, cada um de nós lutando contra os contratempos.

Os movimentos são muito limitados, as sombras do pecado desse Rei Interno de cada um de nós que nunca pecou, tu sabes.
 

As Torres

 

Simbolizam o estado de Alerta Percepção e de Alerta Novidade, nos Grandes Mistérios davam ao neófito o Cinzel e o Martelo para que fosse polindo as duas colunas do Templo, a Branca e a Negra, ou melhor, a Dórica e a Jônica. Os Cimentos da torre na época medieval eram de pedra e quase todas as torres estavam feitas deste material, símbolo resplandecente de la Energia Sexual.
 

Os Cavalos

 

Representam a Ousadia e o valor para eliminar o Medo, sus movimentos descrevem o esquadro e o compasso, tão importantes nos estudos maçônicos. Seus movimentos são em forma de L, que no sistema de numeração romana tem o valor de 50, que decompondo-se nos está indicando a Lei em Rigor.
 

Os Bispos

 

Nas cortes medievais conheciam-se com o nome de Bispos e eram os que estavam mais próximos ao Rei; alegorizavam as Lanças, a Urânia-Vênus dos Gregos.

O Rei

 

Representa a Sabedoria, nosso Real Ser, o V.M. Interno, a Estrela Interior que sempre nos sorri.

Todo o jogo do Xadrez consiste em colocar o rei em uma situação tal que não possa mover-se e então é quando se lhe dá a Morte, o Xeque-Mate. É sabido que terminada uma partida de xadrez se pode iniciar mais uma vez, segundo os acordos dos jogadores, porém, o Rei segue sendo o Rei e este não muda, assim é nosso Real Ser. É o que foi, o que é e o que será.

Deve-se notar que alguns valores que temos dado não são os valores clássicos, senão Esotéricos.


A Rainha

 

Não poderia faltar no Tabuleiro da existência e no xadrez o elemento feminino, o princípio universal da vida, o qual resplandece em toda a Obra, o próprio Deus; o Rei desdobrado em Mulher, o Eterno Amor que flui e reflui em todo o criado.

Desde crianças pedimos suas ternuras porque Ela é a outra metade de nosso Ser e vice-versa.

Sem a Dama, a Rainha, em uma partida de xadrez, nos sentimos sem o poder supremo, estamos perdidos.

Se fazemos um estudo transcendental das diferentes culturas vemos como por trás da glória dos Grandes Homens Ilustres sempre havia uma Mulher, como a Sacerdotisa de Tebas, em meio de tochas falou às multidões, como a Sacerdotisa dos Templos de Mistérios. Reinou no Egito, como Vestal de Delfos, sob o nome de Pitonisa…

Um grande Mestre disse: O Summum da Beleza é a Mulher, a Natureza, a Música, as Flores, uma Paisagem… uma criança nos comove, porém a mulher nos comove e nos atrai, nos inspira e nos provoca.

A liberdade de movimentos da Rainha, num tabuleiro de xadrez, é formidável, os valores fundamentais do xadrez são o Tempo, ou seja, a Rapidez, para realizar os planos, o espaço , o domínio do maior número de defeitos; se as jogadas no xadrez são bem feitas e com força suficiente, se o desenvolvimento e as circunstâncias foras maravilhosos, o resultado será a Vitória.



Na vida, o homem se enfrenta com inúmeros problemas, cada pessoa necessita saber como resolver cada um desses problemas; inteligentemente todo xadrezista sabe que toda solução está no próprio problema, sempre que haja a tranquilidade e equilíbrio perfeitos entre a Mente, a Emoção e o Centro Motor.

No mundo existe uma enorme quantidade de pessoas a quem se lhe proporcionou elementos para triunfar na vida, porém carecem de hábitos e da capacidade para Raciocinar logicamente, porque podemos assegurar que todos os seres humanos somos pedras de xadrez no Tabuleiro da Vida; e sobre nós estão Seres Superiores que umas vezes dão apoio às pedras pretas e outras às brancas.

Cada um de nós está nestes momentos repetindo a mesma partida de sua vida passada, mais as consequências, boas ou más, sob os efeitos da Lei de Recorrência.

Jogadores Inconscientes que não aprendemos a jogar inteligentemente e que nosso destino não o decide um só propósito senão milhares e milhares de agregados. psicológicos.

Todos os seres humanos sem um Ensinamento superior somos como uma partida de xadrez sem peões, curtos de inteligência e com muitas limitações, que ignoramos que dentro de nós terríveis possibilidades que devidamente desenvolvidas nos levariam à Vitória Final.

A Gnose pois nos convida mediante o jogo-ciência a ser verdadeiros jogadores inteligentes e conscientes, como também para mover dentro de Forças superiores ignotas, que farão de nós Homens reais e verdadeiros.

 



Síntese do Xadrez Esotérico na Prática

Trabalho Arcânico no Xadrez Esotérico
Rei e a Rainha. Simbolizam o homem e a mulher trabalhando na Grande Obra, o Arcano AZF.
Os Bispos são a Lança e a Gadanha, simbolizando desta maneira a Mãe Divina fabricando Corpos e desintegrando Defeitos.
Os Cavalos. Simbolizando a força que vai se adquirindo através do trabalho com a energia sexual transmutada, simboliza também a Inteligência, a amizade e o triunfo.
As Torres. Simbolizam o Corpo Astral e o Mundo Mental. As saudações JÁKIN-BOAZ, que se faz à entrada de todo templo e que o homem e a mulher devem fazer no momento de ir ao trabalho sexual AZF.
Os Peões. Indicando as 8 Virtudes da Kundalini e que devemos conquistar para poder ser aceitos por Devi Kundalini.
O Tabuleiro. É o jogo da Vida e não sabemos se estamos jogando a última partida.
Os Quadrados Pretos e Brancos. Que algumas vezes as pretas nos dão força e outras as brancas. Positivo e negativo. O equilíbrio em tudo.
 

A palavra Xadrez (Nota do Tradutor: em espanhol Ajedrez. A partir de agora, o Mestre Samael explica o significado das letras que compõem a palavra Ajedrez). Simbolicamente vemos a Balança da Justiça Cósmica assim:
A letra A: a água, ou seja, o Karma.
A letra Z: o fogo, ou seja, Dharma.
A letra D: O equilíbrio que se deve ter em tudo e assim lograr realizar-nos.   

Se decompusermos mais as letras, vemos o seguinte:
A letra J: simboliza o Bastão dos Patriarcas.
A E: simboliza os Quatro Elementos da Natureza. A Esfinge do Egito milenar. O Verbo
A R: O fogo Sagrado del Espírito Santo. A Mãe Divina Kundalini.






Fontes:

https://www.wikiwand.com/pt/Xadrez

(Samael Aun Weor, Origens Esotéricas do Xadrez
https://www.gnosisonline.org/curiosidades/xadrez-origens-esotericas/

26/09/2020

Os símbolos Místicos e seus Significados



Om



Tem vínculo com o terceiro olho e, por isso, é indicado para a intuição, clarividência e a elevação espiritual. Esse símbolo é a concretização do som OM, utilizado em mantras e na meditação. Ele representa os elementos do Universo e uma forma de simbolizar o Deus supremo.


 

Yin e Yang




Símbolo que fala sobre o início da existência do universo e a união entre as energias negativa e positiva - a dualidade do mundo. O Yin representa o feminino, a noite, a Lua, a terra e a escuridão. O Yang é o masculino, o Sol, o dia, o quente. Quando estão juntos, simbolizam a harmonia perfeita, o equilíbrio da vida e mostra que tudo é mutável.



Ankh ou Cruz Ansata




Ressureição e a chave da vida; esse símbolo tem origem no Egito e pode ser visto nas pinturas e esculturas dos deuses Osíris e Ísis. O mesmo também significa fertilidade, já que sua representação contém um formato oval, em referência ao feminino, e uma cruz, que é o sinal do masculino.


 

Estrela de Davi




Símbolo muito conhecido na cultura e religião judaica. Assim como a Cruz Ansata, traz consigo a união do feminino com o masculino, que também pode ser interpretada como a junção do bem e do mal ou do céu e da terra. Acredita-se que esse símbolo se popularizou quando o rei Davi participou de uma batalha, utilizando um escudo feito a partir da ligação de dois triângulos. Esses objetos estavam forrados com couro e foi uma maneira que o rei encontrou de poupar metal. Após esse evento, o exército dele começou a utilizar esse símbolo nos escudos, pois acreditavam que seria como um amuleto de proteção.


 

Cruz de Malta





Muito usado pelos cavaleiros templários, tem ligação principalmente com os deuses Sumérios. É a união entre as energias femininas e masculinas, e tem forte poder protetor. Como amuleto, traz boa sorte, amplia as vibrações do ser e ajuda no realizamento das vontadades. Também potencializa a energia de outros símbolos, quando utilizados juntos.



 

Serpente




Pode ter diversos significados místicos, porém, em geral, simboliza a boa saúde, juventude e a sorte. Pode ser uma ferramenta para alcançar a sabedoria, o desenvolvimento espiritual e as paixões.


 

Olho de Hórus




Esse é um antigo elemento egípcio, muito propagado na cultura moderna. Ele é a representação do olho divino do rei Hórus. Seu poder místico está ligado com as energias lunares e solares, com a proteção do espírito e a clarividência do terceiro olho. Por isso, ele é utilizado para aguçar a intuição, ter mais proteção e identificar os inimigos. O olho esquerdo simboliza o Sol e o direito, a Lua.



Heptapentagrama




Representando proteção e saúde, esse símbolo é formado pela união de um pentagrama com a estrela de sete pontas. Enquanto o pentagrama representa o ser humano e sua conexão com os quatro elementos da natureza e do espírito, a estrela é o sinal dos sete arcanjos ou das sete vitalidades da criação.


 

Pentagrama





Na Idade Média, era utilizado como um amuleto para proteção contra os maus espíritos e entidades. Já na bruxaria, é o símbolo místico dos cinco elementos. Em algumas culturas o pentagrama pode ter significados diferentes, por exemplo, na cultura Celta, simboliza o poder divino, que é o deus Morrigan. No Cristianismo, sua representação é o sinal das cinco chagas de Jesus.



 

Lua tripla



Representação das fases da Lua, crescente, cheia e minguante, em um único símbolo. Em geral, pode ser feita com a lua minguante sobre a cheia. Esse símbolo também é chamado de Triluna e é tido como um sinal da Deusa Tríplice, que representa as três fases da vida feminina: a Donzela, a Mãe e a Anciã.



Triskle





Esse é outro símbolo utilizado para a Deusa Tríplice e é associado às fases da Lua. Pode ser encontrado com os nomes de "tríscele" ou "espiral triplo". Quando seu formato está no sentido horário, significa expansão e crescimento. No sentido oposto, é proteção. Seu poder é de evolução do ser humano e aumento da clareza e da consciência.


 

Pirâmide




Quando usada no ambiente, a pirâmide pode renovar as energias e melhorar a saúde física e mental das pessoas - isso porque esse símbolo tem conexão com o cósmico. Traz vitalidade e elevação das forças vitais.



 

Círculo




Com sua configuração considerada perfeita, o círculo é um símbolo universal do movimento cíclico das energias, das pessoas e de todos os elementos que compõem o Universo. Ele também representa a infinitude.

 


28/07/2020

Os Mistérios de Eleusis


Ritos a Dionísio


O propósito e o significado dos Mistérios Eleusianos era a iniciação à uma visão. “Eleusis”, significa “o lugar da feliz chegada”, de onde os campos Elíseos tomam seu nome. O termo “Mistérios” provêm da palavra “muein”, que significa “fechar” tanto os olhos como a boca. Faz referência ao segredo que rodeia as cerimônias e a conformidade requerida do iniciado, ou seja, se exige de ele ou ela permita que se faça algo: daí se deduz o significado de “iniciar”. A culminação da cerimônia consistia na exposição de objetos sagrados no santuário interno à mãos do sumo sacerdote ou hierofante (hiera phainon), “o que faz que os objetos sagrados apareçam”. Era somente permitido fazer alusões indiretas sobre o que ocorria. Entre elas, a fundamental era que Deméter falava à sua filha e se reunia com ela em Eleusis. Mas, alguns escritores cristãos violaram essa regra e um assinalou que o ponto culminante da cerimônia consistia em cortar uma espiga de trigo em silêncio.

Qualquer pessoa podia assistir os Mistérios, desde que falasse grego, mulheres e escravos inclusive, desde que não tivessem as mãos sujas de sangue por nenhum crime. Os Mistérios eram realizados uma vez ao ano para mais ou menos três mil pessoas. Se sabe que esses iniciados não formavam nenhuma sociedade secreta, eles vinham de todos os pontos da Hélade, participavam da experiência e logo se separavam.

Os Mistérios menores, que se celebravam até o final de inverno no mês das flores, o Antesterion (nosso fevereiro) e era pré-requisito para a participação nos Mistérios maiores, que se celebravam no outono. Esses Mistérios exploravam o que havia acontecido à Perséfone, Deusa do Mundo Subterrâneo, quando estava colhendo flores em Nisa. Se diz que ela foi raptada por Hades enquanto colhia um narciso de cem cabeças. Os gregos chamavam de narciso toda a planta que tinha propriedades narcóticas.

Esse rapto representa várias idéias, uma é o processo que experimenta a semente ao cair na terra e decompõem-se para voltar de novo à vida. Que se representava simbolicamente como as primeiras núpcias entre os reinos da vida e da morte.

Porém, também representa o rapto extático que proporcionavam certas substâncias que estavam relacionadas com Dionísio, deus da embriaguez, que por sua vez era Senhor de Hades por sua relação com tudo que apodrecia, fermentava e se transformava em outra coisa.

O primeiro estágio da iniciação no Mistérios menores era o sacrifício de um porco jovem, o animal consagrado à Deméter, que substituía simbolicamente a morte do próprio iniciado. Como nas Tesmoforias esse rito se ajusta à variante órfica do mito, que associava a morte do leitão com o rapto de Perséfone.

O segundo estágio da iniciação era uma cerimônia de purificação na qual o iniciado era vendado. As sucessivas etapas dos ritos de iniciação são descritas, através de alusões, inteligíveis para os já iniciados, porém não para os profanos. O acontecimento central dos Mitos Eleusinos era a noite em que se consumia a poção sagrada Kykeon. Os ingredientes dessa poção se constituiu um segredo durante esses 4 mil anos.

Os Mistérios maiores se celebravam a princípio à cada cinco anos. Mais tarde passaram a celebrar anualmente, no outono: começava no dia 15 do mês Boedromión (nosso mês de setembro) e duravam nove dias. Se reuniam iniciados de todos os lugares do mundo helênico e romano, e se declarava uma trégua entre as cidades estado gregas durante quarenta e cinco dias, desde o mês anterior até o mês seguinte.

Na véspera do início, se levavam os objetos sagrados, o “hierá”, de Deméter em procissão desde Eleusis até Atenas.

1- dia 15 do boedromion: Agyrmos, reunião. Proclamação:
Nesse dia tinha lugar a convocação e preparação dos iniciados. Os hierofontes declaravam o “prorrhesis”, o início dos ritos.

2 dia- 16: Elasis ou Helade Mistay: “Ao mar, ó iniciados!”
No segundo dia os iniciados se purificavam no mar (Falero), num rito chamado de “expulsão”. Durante nove dias fariam estas abluções na água do mar, nove dias como Deméter peregrinou pela terra em busca da verdade sobre o rapto de Perséfone. Nesse mesmo dia, os iniciados sacrificavam um leitão enquanto o hierofante os instava: Helade, Mysthai!

3 dia- 17: Hiereia Deuro: Sacrifício
Parece que nesse dia se celebravam o sacrifício oficial em nome da cidade de Atenas.

4 dia- 18: Asclepia
Esse dia era chamado de Asclepia em honra de Asclepio, deus da cura, era outro dia de purificação.

5 dia- 19: Yacós ou Pampa, procissão
Esse era um dia de celebração onde se realizava um grande procissão que inciava em Ceramico (Cemitério de Atenas) até Eleusis, seguindo o itinerário sagrado. Percorriam uns 32 Km. Algumas sacerdotisas levavam as “hierás” em “kistas”fechadas, ou cestas, rodeadas por uma multidão que dançava e gritava o nome de Yaco, cuja estátua, coroada de myrto e carregando uma tocha.

Yaco era o outro nome de Dionísio que, segundo a lenda órfica, era filho de Perséfone e Zeus, pai da mesma. Fui concebido em uma noite em que o deus se aproximou de uma caverna subterrânea transformado em serpente. Não se tratava de Dionísio, deus do vinho e do touro (cujo equivalente é o cretense Zagreo), deus que é desmembrado, porém vive de novo. Era Dionísio como criança de peito místico, o deus que morre e vive eternamente, imagem da renovação perpétua.

Na fronteira entre Eleusis (era uma cidade pequena à 30km noroeste de Atenas) e Atenas, pessoas mascaradas parodiavam a procissão. Encenavam o mito que relatava como Yambe ou Baubo animou Deméter. Como em tantas festas de renovação, preparavam o nascimento do novo para substituir o velho. Quando as estrelas apareciam, os “mystai” (iniciados) rompiam seu jejum, pois o dia vigésimo do mês havia chegado e segundo as “Ranas” de Aristófanes, o resto da noite passavam entre cantos e bailes. Os templos de Poseidón e Ártemis se abriam para todos, porém atrás deles estava a porta que dava ao santuário, e nada, exceto os iniciados, poderiam passar sob pena de morte.

6 dia – 20: Telete (mysteriodites Nychtes)
Esse era um dia de descanso, jejum, purificação e sacrifícios, de acordo com o mito de jejum de Deméter, representando o ritual de esterilidade do inverno. O jejum se rompia com a bebida de cevada, mel e polén (Kykeon) que preparavam e então se permitia que os iniciados entrassem no santuário sagrado. Essa celebração acontecia em um lugar chamado de Telesterion, chamado assim porque aqui se alcançava “o objetivo” ou “telos”. Era um local enorme, que podia albergar milhares de pessoas e onde se exibiam os objetos sagrados de Deméter. No centro estava o Anactoron, uma construção retangular de pedra com uma porta em um de seus extremos, que só o hierofonte podia passar. Essa era a parte mais reservada dos Mistérios eleusianos.

Mas o que exatamente ocorria neste momento?Seria o começo da própria iniciação? Parece que se desenvolvia em três etapas: “drómena, o feito (Ação); legómena, o dito (texto falado); deiknýmena, o mostrado (visão). Depois tinha lugar uma cerimônia especial conhecida como “epoptía”, o estado de “haver visto”, se celebrava para os iniciados do ano anterior.

Em drómena os iniciados participavam de um desfile sagrado pelo qual se representava o relato de Deméter e Perséfone. Os legómena consistiam em invocações ritualísticas curtas, pequenos comentários que acompanhavam o desfile e explicavam o significado do drama. Os deiknýmena, a exibição dos objetos sagrados, culminava na revelação proferida pelo hierofante, cuja difusão era proibida. Os epoptía também incluiam a exibição de “hierá”, não se sabe ao certo o que eram esses objetos sagrados. Segundo as fontes arqueológicas de A. Kórte (Zu den Eleusinischen Mysterien, «Archiv für Religions Wissenschaft» 15, 1915, 116) supõe-se que a enigmática cesta que tomavam os iniciados, entre outros objetos, havia um que representava o órgão sexual feminino, o qual, em contato com o corpo dos mystai, contribuía com a sua regeneração e passavam a ser considerados filhos de Deméter.

M. Picard (L’épisode de Baubó dans les mystéres d’pleusis, «Revue d’histoire des religions» 1927, 220-255) adiciona o órgão masculino. O iniciado tocaria sucessivamente os dois objetos, simbolizando assim a verdadeira união sexual.

7 dia- 21: Epopteia

Somente à tarde tinha início os ritos secretos. Em determinado momentos deviam pronunciar uma contra-senha sagrada:”Jejuei, bebi o kykeon, o tomei do canasto (calathus) e, depois de prová-lo o coloquei de novo no canasto e dali, ao cesto”. Misteriosas palavras, que sem sombra de dúvida, tinham grande significado para os iniciados. Todo o resto do dia era passado em compasso de espera e somente à noite os iniciados entravam no santuário. Um muro à sua direita impedia que vissem o local da “Rocha sem alegria” (local em que se supõe que a Deusa Deméter esteve sentada). Ouviam lamentos procedentes dali. Chegavam ao Telesterion e depositavam os leitões nas “mégara”, uma espécie de sótão do templo. Em seguida peregrinavam fora do Telesterion em busca de Core (Perséfone), na escuridão e com a cabeça coberta com uma carapuça que não lhes permitia ver nada, cada iniciado era guiado por um mystagogo. Imagine andar na escuridão, totalmente desorientado, esperando em silêncio, até que um gongo soa como um trovão e o hierofonte clamando por Core, até que o mundo inferior se abre e das profundezas da terra aparece a Deusa. Daí um clarão de luz enche a câmara, crescem as chamas da fogueira e o hierofonte canta:

-“A Grande Deusa deu à luz a um filho sagrado: Brimo pariu à Brimós”. Então, em silêncio profundo, levanta com a mão uma espiga de trigo.

Para que entendam, Brimo era uma Deusa do Mundo Inferior em Tesália, ao norte. Os nomes Brimo e Brimós sugerem à introdução da agricultura e de que nos Mistérios da Grécia houve influência tesalia.

Mas que estão fazendo Brimo e Brimós em Eleusis?

Kerényi diz que Brimo é “fundamentalmente um nome que designa a rainha do reino dos mortos, atribuído à Demeter, Core e Hécate em sua qualidade de Deusas do Mundo Inferior”. Nesse caso, o filho é o espírito da renovação concebido no Mundo Inferior como testemunho vivo de que na morte há vida, já que está na “riqueza” da colheita, o “tesouro” do conhecimento intuitivo espiritual.

Brimo, portanto, foi o nome dado ao filho de Perséfone, ao qual ela deu à luz no inferno em meio as chamas. Esse nome parece referir-se à Dionísio, o deus de vida indestrutível.

8 dia – 22: Plemochoai

Era dia de sacrifício e festa. Sacrificavam-se touros à Deméter e Perséfone (Core) e outros animais, especialmente leitões. Este festival era chamado Plemochoai, porque esse era o nome dado aos vasos (ou taças) que o sacerdote enchia com um certo líquido e, virando-se para oeste e depois para leste, derrama ao solo o que continham. O povo, olhando para o céu, grita “chuva!” e, olhando para a terra, grita “concebe!”, hýe, kýe.

Harrison escreve que “o rito do matrimônio sagrado e o nascimento da criança sagrada….era o mistério central”. Entretanto, a cerimônia final nos mostra o matrimônio simbólico da chuva celestial com à terra, que havia de conceber o filho do grão (da semente), porém existia a possibilidade se ser celebrado esse casamento simbólica ou literalmente, entre o hierofante e uma sacerdotisa antes do regresso de Core.

9 dia – 23: Epistrofe
Neste dia os iniciados voltavam à Atenas. Eleusis voltava a velar-se em seus mistérios, enquanto se despedia dos visitantes, agora renascidos, levando consigo as experiências de vinculação com as divindades. Assim acabam os Mistérios de Eleusis.

A gestão desse culto era exclusiva das famílias aristocráticas, com funções definidas para cada uma delas. O sumo sacerdote, o chamado hierofante, devia pertencer a família dos Eumólpidas, enquanto a família dos Cérices procediam dos sacerdotes de traço imediatamente inferior, o portador da tocha. A sacerdotisa vivia sempre no santuário. O hierofante ostentava o privilégio de escolher seus iniciados. Sobre todos eles se sobrepunha uma outra figura, o chamado arconte rei (archon basileus) no eleusino, que era ateniense (era os atenienses que controlavam o culto), ao qual assiste uma equipe de colaboradores (epistatai), encarregados das finanças.

MORRER PARA RENASCER
Morrer para renascer, esse é o sentido da iniciação. O sangue dos animais sacrificados simbolizavam a própria morte do iniciado. É Plutarco que nos diz que “morrer é ser iniciado”. Só através da morte se regressa à luz. Clemente e Foucart realmente estão de acordo com essa idéia: representar a busca de Deméter e identificar-se com Perséfone é precisamente vagar no mundo subterrâneo da morte, do mesmo modo que encontrar Core é retornar à vida depois da morte.

Esse mito grego recupera um mito bem mais antigo conhecido como a “Descida de Inanna”, que vai e vem entre ambos os mundos. Perséfone aqui é a faceta da mãe que desce e regressa de novo à mãe, configurando uma totalidade nova. Se percebe claramente uma continuidade nessa relação: vida em morte e morte em vida. Se “vê através” de uma a outra, e isso liberta a humanidade de sua natureza de entidades antagônicas. Quando mãe e filha se percebem como uma única realidade, nascimento e renascimento se convertem em fases que provêm de uma fonte em comum: através da dita percepção se transcende a dualidade.


Fontes:
https://www.deldebbio.com.br/a-deusa-demeter-e-os-misterios-eleusis/
https://opontodentrocirculo.com/2015/07/24/ritos-a-dionisio-os-misterios-de-eleusis/