O caminho para tornar-se um verdadeiro Adepto
De Franz Bardon
Introdução
Já nos tempos antigos os magos eram considerados grandes iniciados; até a palavra "magia" provém deles. A magia é uma ciência divina. Na verdadeira acepção da palavra, ela é o conhecimento de todos os conhecimentos, pois nos ensina como conhecer e utilizar as leis universais. Não há diferença entre magia a misticismo. Levando em conta as leis universais da polaridade entre o bem e o mal, ativo e passivo, luz e sombra, toda ciência pode ser aplicada para objetivos maléficos ou benéficos.
A primeira carta desse livro representa o mago, que configura o domínio dos elementos e apresenta a chave para o primeiro arcano, o mistério cujo nome é impronunciável, o "Tetragrammaton", o JODHEVAUHE cabalístico. É por isso que a porta da iniciação é o mago, e o próprio leitor desta obra poderá reconhecer a grande gama de aplicações dessa carta e o quanto ela é significativa.
A figura do Mago
A Primeira carta do Tarô - Explicação do seu simbolismo.
Os reinos mineral, vegetal e animal, estão simbolicamente expressos na parte inferior da carta.
A mulher à esquerda e o homem à direita são o "mais" (plus) e o "menos" (minus) da pessoa.
No meio deles há um ser hermafrodita, homem a mulher numa única pessoa, como sinal do equilíbrio entre os princípios masculino a feminino.
Os fluidos elétricos e magnéticos estão representados pelas cores vermelho a azul, o fluido elétrico pelo vermelho e o magnético pelo azul.
Na mulher a região da cabeça é elétrica, de cor vermelha, e a região genital é magnética, de cor azul; no homem ocorre o inverso.
Sobre o hermafrodita há o globo, como marca da esfera terrestre sobre a qual se configura o mago com os quatro elementos.
Sobre o homem estão os elementos ativos, o elemento fogo na cor vermelha e o ar na cor azul; sobre a mulher estão os elementos passivos, o elemento água na cor verde e o elemento terra na cor amarela.
O meio, subindo pela figura do mago até a esfera terrestre, é violeta escuro como. sinal do princípio do Akasha.
Sobre a cabeça do mago está desenhada uma flor de lótus prateada, com uma moldura de ouro e uma faixa invisível como coroa; é o sinal da divindade. No seu interior uma pedra vermelha, um rubi, que é a pedra dos sábios, é também o símbolo da quintessência de toda a ciência hermética. No fundo à direita está o sol, amarelodourado, e à esquerda a lua, brancoprateada, como o "plus" e o "minus" no macro a no microcosmo, ou os fluidos elétrico a magnético.
Sobre a flor de lótus a criação é simbolizada por uma esfera, que no seu interior retrata o símbolo da força geratriz "plus" e "minus", o ato criador a gerador do Universo.
O infindável, eterno, ilimitado e não criado é expresso simbolicamente pela palavra AUM a pela cor violeta escuro passando ao preto.
O GRANDE SEGREDO DO TETRAGRAMMATON
ou
O JOD-HE-VAU-HE Cabalístico.
"O que está em cima é também o que está embaixo".
- Hermes Trimegisto
Sobre os Elementos
Nos escritos orientais mais antigos os elementos são definidos pelos Tattwas. Na nossa literatura européia só lhes damos atenção na medida em que enfatizamos seus bons efeitos ou apontamos suas influências desfavoráveis, o que quer dizer portanto que sob a influência dos Tattwas determinadas ações podem ser levadas adiante ou devem ser deixadas de lado. Não há dúvidas sobre a autenticidade desse fato, mas tudo o que nos foi revelado até hoje aponta só para um aspecto muito restrito dos efeitos dos elementos. A prova dos efeitos dos elementos em relação aos Tattwas, para o use pessoal, consta de modo suficientemente explícito nas obras astrológicas.
Sobre esse grande conhecimento secreto dos elementos já se escreveu no mais antigo livro da sabedoria esotérica, o Tarot, cuja primeira carta, o mago, representa o conhecimento e o domínio dos elementos. Nessa primeira carta os símbolos são: a espada, que simboliza o elemento fogo; o bastão, que simboliza o elemento ar; o cálice, o elemento água; a as moedas o elemento terra.
Seqüência dos Tattwas é a seguinte:
Akasha - o princípio etérico;
Ovo negro
Tejas - o princípio do fogo;
Triângulo Vermelho
Waju - o princípio do ar;
Círculo Azul
Apas - o princípio da água;
Crescente Prateado
Prithivi - o princípio da terra;
Quadrado Amarelo
A Luz
O princípio do fogo é a base da luz; sem ele a luz jamais poderia existir. Por isso ela é um dos aspectos do fogo. Todos os elementos do fogo podem ser convertidos em luz a vice versa. É por isso que a luz contém todas as características específicas: é luminosa, penetrante, expansiva. O oposto da luz é a escuridão, que surgiu do princípio da água, e possui as características específicas opostas às da luz. Sem a escuridão a luz não só seria irreconhecível, como não poderia existir. Assim podemos perceber que a luz e a escuridão surgiram a partir da alternância de dois elementos, ou seja, do fogo a da água. Em seu efeito, a luz possui a característica positiva e a escuridão a negativa. Essa alternância ocorre em todas as regiões.
O Corpo Humano
O homem é a imagem verdadeira de Deus, portanto ele foi criado segundo o retrato do Universo. Tudo o que se encontra no Universo numa escala maior, reflete-se no homem numa escala menor É por isso que o homem é definido como um microcosmo, em contraposição ao Universo como macrocosmo. Ao pé da letra, podemos dizer que no homem está refletida toda a natureza. A expressão externa do corpo é como uma bela vestimenta, e, sob todos os aspectos, tanto no maior quanto no menor, a beleza também é um aspecto da natureza divina. A beleza não é só aquilo que nos agrada ou nos é simpático, pois a simpatia e a antipatia dependem dos efeitos recíprocos dos elementos; a saúde efetiva é muito mais uma condição básica para a elevação espiritual. Se quisermos morar bem, temos que arrumar nossa moradia, nossa casa; o mesmo acontece com nosso corpo, que deve ser belo a harmonioso.
Alguém sempre perguntará: onde a de que modo se apresenta o Akasha, ou princípio etérico, no corpo material denso? Após uma reflexão mais profunda todos poderão responder a essa pergunta por si mesmos, isto é, de que o princípio etérico na sua forma material densa está contido no sangue a no sêmen, a no efeito recíproco destes últimos na matéria vital ou vitalidade.Como vimos anteriormente, o elemento fogo produz no corpo o fluido elétrico, e o elemento água produz o magnético. Cada um desses fluidos possui dois pólos de irradiação, o ativo e o passivo, a os efeitos recíprocos diretos e alternados dos quatro pólos igualam-se a um magneto quadripolar, idêntico ao mistério do Tetragrammaton, o JOD-HE-VAU-HE dos cabalistas. Por isso é que o fluido eletromagnético no corpo humano, em sua irradiação para o exterior, é o magnetismo vital, chamado de Od, ou de qualquer outro nome que se queira dar. Na pessoa destra o lado direito do corpo é elétrico-ativa, e o lado esquerdo magnético-passiva. Na pessoa canhota ocorre o contrário. A intensidade de irradiação desse fluido eletromagnético depende da capacidade, da intensidade do efeito dos elementos no corpo. Quanto mais saudável e harmoniosamente se operar o efeito dos elementos no corpo, tanto mais forte e pura será a irradiação. Esse é o modo de vida natural do homem. Se houver a falta da assim chamada "matéria desencadeadora" em qualquer dos elementos, o efeito nas funções correspondentes é imediato. Por exemplo, quando o efeito do elemento fogo no corpo se intensifica, então sentimos sede; no caso do elemento ar sentimos fome, no do elemento água sentimos frio, a no do elemento terra instala-se o cansaço. Da mesma forma, qualquer saturação dos elementos no corpo provoca reações intensificadas. Com o excesso do elemento fogo instala-se uma necessidade de movimento e atividade; com o do elemento água intensifica-se o processo de deterioração. Uma saturação do elemento ar mostra-nos que devemos dosar a assimilação da nutrição, a uma saturação do elemento terra exerce seus efeitos em aspectos da vida sexual, mas não se evidencia necessariamente no impulso sexual carnal. Geralmente em pessoas mais velhas, esse efeito pode também exteriorizar-se através do estímulo a uma maior atividade no trabalho, a um maior desempenho criativo.
Polaridade
Cada método de cura tem como objetivo restaurar o equilíbrio prejudicado dos elementos. Através do conhecimento dos efeitos dos elementos em nosso corpo, o magnetopata ou magnetizador tem uma grande possibilidade de conseguir controlar suas forças, com sucesso, principalmente quando ele tem condições de despertar em si mesmo, conscientemente, o fluido elétrico ou magnético, fortalecê-lo a transmiti-lo à parte do corpo que está em desarmonia. O que é interessante é o fato de alguns órgãos conterem, no ritmo de seu funcionamento, portanto no seu mecanismo, uma alternância do fluido elétrico de dentro para fora e do fluido magnético de fora para dentro, o que faz com que o ritmo a as funções em todo o organismo consigam chegar harmônica a analogamente ao equilíbrio. Em outros órgãos porém ocorre o contrário: o fluido elétrico age de fora para dentro e o magnético de dentro para fora. Esse conhecimento da irradiação polarizada é chamado, na ciência hermética, de "anatomia oculta do corpo". O conhecimento dos processos dessa anatomia oculta é muito importante para todos os iniciados, caso eles queiram conhecer, influenciar a controlar o seu corpo.
Com base nessa anatomia oculta o iniciado pode, com a chave do magneto quadripolar, compor outras analogias segundo a sua necessidade. E nessa anatomia o alquimista reconhece também que o corpo humano é um verdadeiro Athanor, no qual ocorre, bem visível, o processo alquímico mais completo, a grande obra, ou a preparação da pedra dos sábios.
Anatomia oculta do corpo humano relativamente aos fluidos elétrico e magnético, portanto no âmbito dos efeitos positivo a negativo.
A CABEÇA:
A parte anterior é elétrica, a posterior magnética. O lado direito é magnético, o esquerdo elétrico. O interior é elétrico.
OS OLHOS:
A parte anterior é neutra, a parte posterior também é neutra. O lado direito é elétrico, o lado esquerdo também é elétrico. O interior é magnético.
AS ORELHAS:
A parte anterior é neutra, a parte posterior também é neutra. O lado direito é magnético, o lado esquerdo é elétrico, o interior é neutro.
BOCA E LÍNGUA:
A parte anterior é neutra, a posterior também é neutra. O lado direito é neutro, o esquerdo também é neutro. O interior é magnético.
O PESCOÇO:
A parte anterior é magnética, a parte posterior é magnética, o lado direito é magnético, o lado esquerdo é elétrico, o interior é elétrico.
O TÓRAX:
A parte anterior é eletromagnética, a parte posterior é elétrica, o lado direito é neutro, o lado esquerdo é elétrico, e o interior é neutro.
O VENTRE:
A parte anterior é elétrica, a parte posterior é magnética; o lado direito é magnético, o lado esquerdo é elétrico, o interior é magnético.
AS MÃOS:
A parte anterior é neutra, a parte posterior é neutra, o lado direito é magnético, o lado esquerdo é elétrico, o interior é neutro.
OS DEDOS DA MÃO DIREITA:
Os lados anterior e posterior são neutros, os lados direito e esquerdo são elétricos, o interior é neutro.
OS DEDOS DA MÃO ESQUERDA:
Os lados anterior e posterior são neutros, o lado direito é elétrico, o lado esquerdo também é elétrico, o interior é neutro.
OS PÉS:
As partes anterior a posterior são neutras, o lado direito é magnético, o lado esquerdo é elétrico, o interior é neutro.
OS ORGÃOS GENITAIS MASCULINOS:
A parte anterior é elétrica, a parte posterior é neutra, os lados esquerdo e direito são neutros, e o interior é magnético.
OS ORGÃOS GENITAIS FEMININOS:
A parte anterior é magnética, a parte posterior é neutra, os lados direito a esquerdo são neutros, o interior é elétrico.
ULTIMA VÉRTEBRA DA COLUNA JUNTO AO ANUS:
As partes anterior e posterior são neutras, os lados direito e esquerdo são neutros, o interior é magnético.
O Plano Material Denso ou o Mundo Material Denso
Não preciso mencionar que em nosso planeta existem fogo, água, ar a terra, o que é evidente para todas as pessoas que raciocinam logicamente. Mesmo assim seria bom se o futuro iniciado conhecesse a origem e o efeito de cada um dos quatro elementos a aprendesse a usá-los corretamente de acordo com as analogias correspondentes a outros planos. No momento é importante saber que na nossa Terra o trabalho dos elementos, na sua forma mais sutil, ocorre da mesma maneira que no corpo humano. Se traçarmos uma analogia com o corpo humano poderemos ver como são determinados os paralelos relativos aos elementos, e como essa analogia realmente nos parece exata. O elemento terra possui em si o magneto quadripolar com sua polaridade, e o efeito dos outros três elementos. Na natureza o princípio do fogo na sua forma ativa exerce seu efeito como princípio vitalizador, a na sua forma negativa como princípio destruidor a desagregador. O princípio da água possui na sua forma ativa o efeito solvente, doador de vida, a na forma negativa o contrário. O princípio do ar com sua polaridade dupla é também o fator neutro, equilibrador a preservador da natureza. Em função da sua característica específica de coesão, o elemento terra tem como base esses dois grandes elementos fundamentais, o fogo e a água, que junto com a neutralização do princípio do ar fazem com que a terra seja considerada o elemento material mais denso. Como já mencionamos no item sobre o corpo, através da ação mútua dos elementos fogo a água surgem dois fluidos básicos, o elétrico e o magnético, que, exatamente como no corpo, formaram-se de acordo com as mesmas leis a possuem os mesmos efeitos mútuos. Por isso esses dois elementos agem, com seus fluidos, sobre tudo o que acontece de material na Terra, influenciando vários processos químicos no seu interior a exterior, nos reinos mineral, vegetal a animal. Em vista disso devemos dizer que o fluido elétrico encontra-se no ponto central da Terra e o magnético na sua superfície. Esse fluido magnético da superfície da Terra, apesar da característica do princípio da água, ou da coesão, mantém agregado tudo o que é material ou composto.
Através da característica específica de sua substância a condicionado pela composição dos seus elementos, cada objeto possui, relativamente ao fluido elétrico, determinadas irradiações, as assim chamadas oscilações de elétrons, que sofrem a atração provocada pelo fluido magnético geral de todo o mundo material. Essa atração é chamada de peso. Assim o peso é uma manifestação da força de atração da Terra. A força de atração do ferro a do níquel, que todos nós conhecemos, é um pequeno exemplo ou uma imitação daquilo que ocorre em grande escala em toda a Terra. É assim que se explicam todas as invenções baseadas na transmissão dos fluidos elétrico a magnético, a que dependem de uma transmissão à distância através do éter, como p.e. o rádio, a telegrafia, a telefonia e a televisão, além de muitas outras que surgirão no futuro. Mas o princípio básico a as leis foram, são a continuarão sendo sempre os mesmos.
A Alma ou o Corpo Astral
Através das vibrações mais sutis dos elementos, dos fluidos elétrico e magnético a de sua polaridade, partindo do princípio do Akasha ou das vibrações sutis do éter, surgiu o Homem como tal, ou a sua alma. Do mesmo modo como se desenvolvem as funções dos elementos no corpo material denso, desenvolvem-se também as da alma ou do assim chamado corpo astral. A alma está ligada ou fundida ao corpo através do magneto quadripolar com suas características específicas. A fusão ocorre, analogamente ao corpo, através da influência eletromagnética dos elementos. O trabalho dos elementos, o assim chamado fluido eletromagnético da alma é chamado por nós, iniciados, de matriz astral, ou vida. Essa matriz astral ou fluido eletromagnético da alma não é idêntico à aura descrita pelos ocultistas O princípio do fogo exerce na alma também o seu efeito construtor; o princípio da água exerce seu efeito vitalizante, o do ar o seu efeito equilibrador, gerador a preservador. O corpo astral possui exatamente as mesmas funções do corpo material denso. O homem foi dotado de cinco sentidos, correspondentes aos elementos, a com a ajuda desses sentidos corpóreos o corpo astral ou alma assimila as percepções do mundo físico. A assimilação e a ação dos cinco sentidos por meio do corpo astral a do material denso ocorre através do nosso espírito immortal. Sem a atuação do espírito na alma o corpo astral não teria vida a se dissolveria em seus elementos componentes.
Como o espírito não conseguiria exercer seu efeito sem a intermediação da alma, o corpo astral torna-se o domicílio de diversas características do espírito imortal. A oscilação dos fluidos elétrico a magnético no espírito varia de acordo com o seu grau de evolução a amadurecimento a se exterioriza na alma através dos quatro temperamentos. Segundo seus elementos predominantes, podemos distinguir os temperamentos colérico, sangüíneo, melancólico a fleumático natural. O temperamento colérico nasce do elemento fogo, o sangüíneo do elemento ar, o melancólico do elemento água e o fleumático do elemento terra. Conforme a força e a oscilação do respectivo elemento, aparecem nas diversas características também a energia, a força e a expansão das alternâncias fluídicas correspondentes.
Cada um desses quatro elementos que determinam o temperamento no homem possui em sua forma ativa a característica boa, ou boas, a na forma passiva as características opostas, ou ruins. Seria uma tarefa muito ampla descrever aqui com precisão os efeitos dos elementos, por isso é melhor que o futuro iniciado descubra por si só outros efeitos, através da meditação. No caminho à iniciação isso também tem um motivo especial; eis alguns exemplos:
O temperamento colérico possui, em sua polaridade ativa, as seguintes características boas: atividade, entusiasmo, estímulo, determinação, audácia, coragem, força criativa, zelo, etc. Na forma negativa são: voracidade, ciúme, paixões, irritação, agressividade, intemperança, impulso destruidor, etc.
O temperamento sangüíneo indica em sua forma ativa as seguintes características: compenetração, esforço, alegria, habilidade, bondade, clareza, despreocupação, bom humor, leveza, otimismo, curiosidade, independência, vigilância, confiabilidade, etc. Na forma negativa: susceptibilidade, auto-depreciação, bisbilhotice, falta de perseverança, esperteza, tagarelice, desonestidade, volubilidade, etc.
O temperamento melancólico na sua forma ativa possui: atenção, generosidade, modéstia, afetividade, seriedade, docilidade, fervorosidade, cordialidade, compreensão, meditação, compaixão, serenidade, profundidade, credulidade, capacidade de interiorização a de perdão, ternura, etc. Na sua forma negativa possui: indiferença, derrotismo, timidez, falta de participação, inflexibilidade, indolência, etc.
O temperamento fleumático na sua forma ativa possui: atenção, presença, perseverança, ponderação, determinação, seriedade, firmeza, escrupulosidade, solidez, concentração, sobriedade, pontualidade, discrição, objetividade, precisão, senso de responsabilidade, confiabilidade, prudência, resistência, conseqüência, etc. Na forma negativa: insipidez, desleixo, auto-depreciação, indiferença, falta de consciência, aversão ao contacto humano, lentidão, falta de agilidade, indolência, desconfiança, laconicidade, etc.
As características dos temperamentos formam, de acordo com a característica predominante, a base do caráter da pessoa. A intensidade das características que sobressaem externamente dependem da polaridade, portanto dos fluidos elétrico a magnético. A influência global do efeito dos temperamentos produz uma irradiação que chamamos tecnicamente de "aura"; mas não podemos comparar a aura à matriz astral pois há uma enorme diferença entre as duas. A matriz astral é a matéria aglutinante entre o corpo e a alma, enquanto que a aura é a irradiação do efeito dos elementos nas diversas características, a justifica-se na sua forma ativa ou passiva. Essa irradiação provoca na alma toda uma certa vibração, que corresponde a uma determinada cor. Com base nessa cor o iniciado tem a possibilidade de reconhecer, com sua visão astral, a própria aura ou a de um outro ser. O vidente pode então, com ajuda da aura de uma pessoa, não só descobrir o seu caráter básico mas também os efeitos da polaridade da oscilação de sua alma a eventualmente influenciá-la. Esse tema será tratado com mais detalhes num capítulo à parte, que fala da introspecção. Portanto, vimos aqui que o temperamento da pessoa influencia seu caráter, e a sua atuação conjunta dá origem à irradiação da alma, ou aura. Não é à toa que os iniciados a santos são retratados com uma auréola ao redor da cabeça, que corresponde à aura aqui descrita. A alma está dividida de acordo com os elementos, de maneira tão precisa quanto o corpo. As funções, forças a características anímicas têm também sua morada na alma, elas formam determinados centros, analogamente a todos os elementos, a que a filosofia hindu chama de "Lotus" (conhecidos também por "chakras"). Na doutrina hindu o despertar desses Lotus é chamado de Kundalini-Yoga. Na descrição da alma precisamos descobrir a conexão dos elementos com a sua polaridade "plus"(+) e "minus"(-) a tentar retratá-la com clareza. Podemos ver que tanto o corpo quanto a alma, com suas atuações, vivem a trabalham, mantêm-se ou destróem-se segundo as leis imutáveis do magneto quadripolar, portanto do mistério do Tetragrammaton.
Se o aprendiz da iniciação meditar sobre isso com cuidado, terá uma visão clara da função do corpo a também da alma, e poderá imaginar corretamente as suas interações mútuas segundo as leis primordiais.
O Plano Astral
É muitas vezes definido como a quarta dimensão; não foi criado a partir dos quatro elementos, mas é um grau de densidade do princípio de Akasha, portanto de que tudo o que já aconteceu no passado, acontece no presente a acontecerá no futuro, no mundo material, enfim, tudo o que contém sua origem, sua regulamentação e sua existência.
Como já referimos, em sua forma mais sutil o Akasha é o nosso velho conhecido éter, no qual, entre outras coisas, propagam-se as ondas elétricas a magnéticas. Ele é também a esfera das vibrações, de onde se originam a luz, o som, a cor, o ritmo, e com estes toda a vida que existe. Como o Akasha é a origem de todo ser, naturalmente nele há o reflexo de tudo de tudo o que já aconteceu no passado, acontece no presente a acontecerá no futuro.
O plano astral possui diversos tipos de habitantes. São sobretudo as pessoas que já deixaram o mundo terreno a que habitam o grau de densidade correspondente ao seu grau de amadurecimento espiritual, o que de acordo com as religiões é chamado de céu ou inferno, mas que os iniciados interpretam só simbolicamente. Quanto mais perfeito, nobre a puro o ser, tanto mais puro a sutil o grau de densidade do plano astral em que ele ficará. O seu corpo astral vai se dissolvendo aos poucos, adaptando-se ao grau de vibração do respectivo patamar do plano astral, até tornar-se idêntico a ele. Essa identificação depende portanto do amadurecimento a da perfeição espirituais alcançados no mundo terreno pelo ser em questão. Um tipo de ser com o qual muitas vezes o iniciado poderá se deparar no plano astral, são os seres dos quatro elementos puros. No elemento fogo eles se chamam salamandras, no elemento ar, silfos, no elemento água, ninfas ou ondinas, a no elemento terra, gnomos.
O Espírito
O homem foi criado à semelhança de Deus e é constituído de corpo, alma a espírito. Nos capítulos anteriores ficamos sabendo que o corpo e a alma servem somente como um invólucro ou uma vestimenta para o espírito, a são portanto passageiros.
É por isso que só o espírito é a parte imortal do homem e a sua imagem semelhante a Deus. O princípio do fogo, a parte impulsiva, é a vontade. O princípio aéreo revela-se no intelecto (razão), o princípio aquoso na vida ou no sentimento, e o princípio da terra na comunhão de todos os outros três elementos na consciência do "eu". Todos juntos formam o "eu", ou o espírito.
O Plano Mental
Assim como o corpo possui o seu plano terreno e o corpo astral ou alma o seu plano astral, o espírito também possui o seu plano próprio, chamado de esfera mental ou plano mental. É a esfera do espírito, com todas as suas propriedades.
O que ocorre com o corpo mental na esfera mental ou espiritual é análogo ao que ocorre com o corpo astral, isto é, através do trabalho correspondente o espírito forma um magneto quadripolar dentro de si, a exterioriza o fluido eletromagnético em sua polaridade, como um fenômeno produzido pelo efeito dos elementos. Assim como o corpo astral forma uma matriz astral (o assim chamado "astralod") através do fluido eletromagnético do mundo astral, o fluido eletromagnético do mundo mental também forma uma matriz mental, que liga o corpo mental ao corpo astral. Essa matriz mental, ou "mentalod", a assim chamada matéria mental, é a forma mais sutil do Akasha, que regula a mantém a atividade do espírito no corpo astral. Como já observamos, essa matéria mental é ao mesmo tempo eletromagnética a funciona como condutora dos pensamentos a das idéias à consciência do espírito, que entra em atividade através dos corpos astral a material denso. Assim a matriz mental ou "mentalod" com seu fluido bipolar é a matéria mais sutil que podemos imaginar no corpo.
A esfera mental é ao mesmo tempo a esfera dos pensamentos, que têm sua origem no mundo das idéias, portanto no Akasha do espírito. Cada pensamento é antecedido por uma idéia básica que assume uma determinada forma segundo a sua característica e chega à consciência do "eu" através do princípio etérico, portanto da matriz astral, como forma-pensamento ou imagem plástica. De acordo com isso, o homem não é o criador dos pensamentos; a origem de todo pensamento localiza-se na mais elevada esfera do Akasha ou plano mental. O espírito do homem é ao mesmo tempo um receptor, uma antena dos pensamentos do mundo das idéias, conforme o local ou a situação em que ele se encontra. Como o mundo das idéias é o tudo no todo, cada nova idéia e cada nova invenção, em resumo, tudo aquilo que o homem acredita ter criado foi extraído desse mundo das idéias. Esse ato de extrair novas idéias depende da postura a da maturidade do espírito. Cada pensamento possui em si um elemento puro completo, sobretudo quando ele contém idéias abstratas. Se existirem, no pensamento, diversas combinações do mundo das idéias, então serão muitos os elementos atuantes entre si, tanto em sua forma quanto em sua irradiação. Só os pensamentos abstratos possuem elementos puros, e também irradiações polares puras, pois eles derivam diretamente do mundo primordial de uma idéia.
Verdade
Consideraremos aqui só aquelas verdades cujo conhecimento exato somos obrigados a dominar. A verdade depende do reconhecimento de cada um, e como não temos todos a mesma concepção das coisas, também não podemos generalizar essa questão. É por isso que cada um de nós, se for sincero, possui a sua própria verdade de acordo com o seu grau de maturidade e a sua concepção das coisas. Só aquele que domina a conhece as leis absolutas do macro a do microcosmo pode falar de uma verdade absoluta. Certos aspectos da verdade absoluta com certeza serão reconhecidos por todos.
À verdade pertence também a distinção correta entre a capacidade, o conhecimento e a sabedoria. Em todos os campos da existência humana o conhecimento depende da maturidade, da capacidade de assimilação da memória, da razão a da inteligência, sem considerar se esse conhecimento foi enriquecido através da leitura, da comunicação ou de outro tipo qualquer de experiência.
Portanto, a sabedoria não depende da razão e da memória, mas da maturidade, da pureza a da perfeição da personalidade de cada um. Poderíamos também considerar a sabedoria como uma condição da evolução do "eu". Em função disso a cognição chega a nós não só através da razão, mas principalmente através da intuição ou da inspiração. O grau de sabedoria determina portanto o grau de evolução da pessoa. Mas com isso não queremos dizer que se deve menosprezar o conhecimento; muito pelo contrário, o conhecimento e a sabedoria devem andar de mãos dadas. Por isso o iniciado deverá esforçar-se em evoluir, tanto no seu conhecimento quanto na sabedoria, pois nenhum dos dois deve ser negligenciado nesse processo.
Religião
O mago principiante professará uma religião universal. Ele aprenderá que cada religião possui seus lados bons, mas também seus lados obscuros. Ele conservará para si o melhor dela e não dará atenção às suas fraquezas.
O mago deverá criar sua própria visão de mundo de acordo com as leis universais, a esta será sua verdadeira religião. Ele deverá observar que todo defensor da própria religião, apesar das fraquezas da mesma, está sempre empenhado em apresentá-la como a melhor de todas. Mas toda verdade religiosa é relativa, e a sua compreensão depende da maturidade de cada indivíduo.
Deus
Para o homem comum a idéia de Deus serve como um ponto de apoio ou um suporte para o seu espírito, para que este não permaneça no desconhecido, ou não se perca nele. Para ele esse Deus é incompreensível, abstrato a inimaginável. Mas para o mago as coisas não são desse modo; ele conhece o seu Deus sob todos os aspectos. E não é só porque dedica a essa divindade toda a veneração, pois sabe que foi criado à sua imagem, portanto é parte dela, mas também porque seu maior ideal, seu maior dever e seu objetivo mais sagrado é tomar-se uno com ela, tornar-se um homem-deus. Só na unificação, caso ele queira renunciar à sua individualidade, é que ele se desintegra voluntariamente, o que na terminologia mística é definido como morte mística.
Se encararmos a idéia de Deus do ponto de vista mágico, relativamente aos quatro elementos, o assim chamado Tetragrammaton, o Inexprimível, o Superior, teremos: ao princípio do fogo, corresponde o poder supremo, a força suprema; ao princípio primordial do ar a sabedoria, a pureza e a clareza, de cujos aspectos sobressai a regulação universal; ao princípio primordial da água corresponde o amor e a vida eterna, a ao princípio primordial da terra o onipresente, a imortalidade, e com ela a eternidade.
Ascese
Existem três tipos de ascese:
1) A ascese mental ou espiritual;
2) A ascese anímica ou astral;
3) A ascese material ou corporal.
À primeira cabe a disciplina do pensamento, a segunda o enobrecimento da alma através do domínio das paixões e dos instintos, e a terceira a harmonização do corpo através de uma vida moderada a natural.
Sem esses três tipos de ascese que devem ser desenvolvidos simultânea e paralelamente, não se pode nem pensar numa evolução mágica correta. Nenhum desses três tipos deve ser negligenciado, nenhum deve suplantar o outro, para que o desenvolvimento não se tome unilateral.