Este blog: mariadesvelada.blogspot.com foi uma das referencias para o Trabalho de Conclusão de Curso: Sólidos Platônicos: Abordagem Histórica e sua utilização em sala de aula, apresentado ao Curso de Graduação em Matemática do Centro de Ciências Exatas da Natureza da Universidade Federal da Paraíba, como requisito parcial à obtenção do grau de Licenciatura em Matemática.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Jacqueline Fabiola Rojas
Arancibia
TCC:
SÓLIDOS PLATÔNICOS: ABORDAGEM HISTÓRICA E SUA UTILIZAÇÃO EM SALA DE AULA / IRIS DE ASSIS RAMOS NASCIMENTO
Elaborado por Josélia Maria Oliveira da Silva
Link para o TCC: SÓLIDOS PLATÔNICOS
24/09/2022
Sólidos Platônicos: Abordagem Histórica
01/09/2022
A Flauta Mágica e a Maçônaria
Ritual Maçônico de São João, como sendo o praticado pela loja vienense onde Mozart havia sido iniciado. Embora não reproduza todo o ritual, o texto é muito interessante. Representada pela primeira vez no Theater auf der Wieden de Viena, a 30 de setembro de 1791, a obra obteve um êxito imediato, perante a satisfação de Mozart, apesar de o músico escrever, a 7-8 de outubro do mesmo ano: "Aquilo que me faz mais feliz é a aprovação silenciosa!". Decorria o ano de 1790 e a capital austríaca estava a atravessar um árduo período de desorientação sombria. A dura fase de adaptação imposta pela subida ao trono de Leopoldo II, sucessor do seu irmão José II, não era certamente facilitada, devido às preocupantes notícias procedentes da França, que naquela época estava submergida em plena revolução. Naquele clima de incertezas e suspeitas, a maçonaria, em particular, que tanto despertara o interesse de Mozart, especialmente pelo espírito de fraternidade que promovia, caiu em desgraça. Por outro lado, o compositor também não estava a viver a época mais fácil da sua vida. A saúde dava-lhe continuamente razões para preocupar-se, a sua situação financeira estava seriamente comprometida e o teatro da corte afastara Lorenzo da Ponte, grande amigo de Mozart e seu libretista mais valioso, da sua convivência. Foi exatamente nesse momento que Emanuel Johann Schikaneder, empresário de um pequeno teatro popular situado nos arredores de Viena, o Freihaus Theather, propôs a Mozart a composição da música para um singspiel , a opereta alemã.
Este gênero, bastante recente na época, estava diretamente inspirado na Opéra comique francesa (muito apreciada em Viena desde 1752) e abrangia uma combinação heterogênea de diversos ingredientes que iam da ária italiana à romança francesa, passando pelos lieder alemães. A proposta de Schikaneder não podia deixar de suscitar o entusiasmo de Mozart que, dois anos antes, numa carta dirigida ao seu pai, afirmara ser "capaz de adaptar ou imitar qualquer gênero musical ou estilo de composição". O compositor sentia também uma simpatia bastante especial por Schikaneder, autor do libreto e, sobretudo, extravagante personagem, admirador incondicional do teatro espetacular, excelente intérprete das obras de William Shakespeare e, na sua forma de viver, abertamente contrário a todas as convenções sociais. As fontes literárias que influíram mais diretamente na obra do libretista foram Sethus, o romance de J. Terrason (que contém abundantes referências aos ritos egípcios e às provas de inciação), e a fábula Lulú, de Liebeskind, que se inseria no inesgotável filão da Zauberoper (ópera mágica), um gênero que ganhava cada vez mais popularidade nos teatros alemães, graças sobretudo, aos fascinantes efeitos conseguidos pelas encenações na representação dos elementos mágicos. Na verdade, o texto sofreu uma transformação profunda durante a fase de redação. Essa transformação teve como resultado final um libreto de aspecto muito diferente ao dos textos puramente fantásticos que durante aqueles anos estavam muito em voga.
Isso deveu-se, sem qualquer dúvida, ao acréscimo de ritos de clara inspiração maçônica, que contribuíram bastante para enriquecer o significado íntimo da ópera. No que diz respeito à música desta ópera, a grandeza e genialidade de Mozart reside por um lado, em ter sabido conferir, de uma maneira verdadeiramente magistral, uma grande unidade às diversas vertentes estilísticas típicas do Singspiel, elaborando novíssimos princípios formais e também de equilíbrio e por outro lado, em ter utilizado, com uma destreza que poderia ser considerada excepcional, o vasto panorama dos estilos como poderoso meio expressivo.
O êxito de A Flauta Mágica foi imediato e colossal. Basta mencionar que, só no primeiro ano foram efetuadas mais de uma centena de representações, e que o próprio Goethe declarou que aquela música era a única digna de acompanhar seu Fausto. No entanto, Mozart saboreou muito pouco da aceitação unânime do público, visto que morreu cerca de um mês depois da estréia. A Flauta Mágica e a sua relação intensa com a Maçonaria Quando surgiu o primeiro libreto impresso de A Flauta Mágica que deveria coincidir com a estréia da ópera, os leitores se depararam com uma página de rosto executada pelo próprio gravador, Ignaz Alberti, um membro da Loja Maçônica de Mozart Zur gekrönten Hoffnung.
Para os não-iniciados esta folha papel poderia parecer então uma conhecida reprodução de uma escavação arqueológica no Egito: à esquerda, a base de uma pirâmide com alguns símbolos (inclusive Ibis); no meio, uma série de arcos conduzindo a uma parede com nichos e um portal redondo, tudo isto inundado de luz. Do arco do meio vê-se pendurada uma corrente com uma estrela de cinco pontas. À direita, um elaborado vaso rococó com estranhas figuras agachadas na base; no primeiro plano, uma colher de pedreiro, um par de compassos, uma ampulheta e fragmentos em ruínas.
Muitas pessoas acreditavam estar vendo uma obscura visão oriental; algumas damas e cavalheiros da classe média, sem dúvida, pensaram no culto de Ísis e Osíris. Porém, alguns membros da platéia sabiam que aquele simbolismo referia-se, numa série completa de inequívocas alusões, à Antiga e Venerável Ordem da Maçonaria. Estes homens (as Lojas maçônicas para mulheres só existiam na França), que ainda pertenciam à confraria (claudicante em 1791 e não mais a brilhante sociedade de elite de meados de 1780 como tinha sido em Viena na época em que Mozart e Haydn ingressaram na Maçonaria) deveriam estar se perguntando se seus segredos não teriam sido revelados. E caso, como geralmente acontece quando se folheia despreocupadamente um libreto, deparassem com a última página, teriam lido com considerável as seguintes palavras (que é o último parágrafo do último movimento da ópera):
Heil sey euch Geweithen! Ihr drängt durch die Nacht! Dank sey dir, Osiris und Isis, gebracht! Es siegte die Stärke, und krönet zum Lohn Die Schönheit und Weisheit mit ewiger. (Salve sagradas criaturas que se impõem através da noite! Agradecimentos a vós, Osiris e Isis, sejam apresentados! A força venceu, e como recompensa Apresenta a eterna coroa à beleza e à sabedoria.)
No ritual maçônico de São João, quase no final da reunião na Loja, estas mesmas palavras (Mozart teria as ouvido na versão alemã) eram proferidas: "Weisheit...Schönheit...Stärke", formando também um triângulo central do trigésimo terceiro grau do chamado Ritual Maçônico Escocês — que poderia ser considerado um paralelo ou uma extensão da cerimônia de São João. Sentindo -se desconfortavelmente preparados para algo um tanto relacionado com o ritual maçônico, diversos Irmãos naquela platéia de 1791 teriam ficado ainda mais chocados quando, no meio da Abertura, ouviram, após uma pausa na músicas, em continuação a um tempo muito lento (Adagio) em três-vezes-três acordes o seguinte Parte do ritual maçônico é o emprego de um bater rítmicos três vezes sucessivas. Esta é a parte central da cerimônia, sendo repetida diversas vezes - como o tema em A Flauta Mágica. Segundo Philippe A. Autexier, que editou um livro sobre Mozart e A Flauta Mágica, nas Lojas vienenese do Século XVIII, o ritual empregado nessa época de Mozart continha ritmos característicos para cada grau: — U — para o Aprendiz U — — para o Companheiro U U — para o Mestre Portanto, os repetitivos acordes três-vezes-três se refeream ao Companheiro ou Segundo Grau. À medida que a ópera se desenrolava, os maçons da platéia deviam ficar estupefatos: um símbolo atrás do outro advinha da Confraria.
O número simbólico três domina toda a obra: três bemóis na clave principal (Mi bemol maior), três meninos, três senhoras. Tamino é obviamente apresentado como um "profano" (ou seja, um não maçom), em seguida como um neófito (observem sua conversa com o orador, I ato, Cena 15: o orador lhe pergunta: "Wo willst du kühner Fremdling, hin? Was suchst du hier im Heiligthum?" (Onde quéres ir, intrépido estrangeiro? Que procuras neste lugar sacro?), depois como um jovem maçom com o grau de Aprendiz (com sua cerimônica de viagem e voto de silêncio) e mais tarde, no segundo grau, como Companheiro (com o voto de jejum), e por fim o terceiro grau, Mestre (II Ato, Cena 21) A passagem simbólica da escuridão para a luz, parte integram da cerimônia de São João, ocorre com um brilhante efeito em A Flauta Mágica, sendo claramente indicada na ilustração do libreto de 1791. Porém Mozart e Schikaneder pretendiam mostrar mais do que a Maçonaria na cerimônia de São João, representado também os graus mais altos (os chamados Graus Escoceses).
Na cena 28 do II Ato a cortina se abre, mostrando dois homens vestidos com armaduras negras e em seguida Tamino e Pamina. É o início das famosas provas de fogo e água, que nos conduzem a um outro mundo maçônico: o soberano Grau Rosa-Cruz, o décimo oitavo no "Antigo e Aceito Rito Escocês 33º". O libreto original de 1791 observa discretamente que "eles (os homens armados) lêem para ele (Tamino) a escrita transparente que está gravada numa pirâmide". Ao som das palavras "fogo, água, ar e terra" o tetragrama sagrado JHVH talvez aparecesse por ser a parte central deste Grau Rosa-Cruz.
A 30ª cena no II Ato em que Monostatos, o criado africano, junto com a Rainha da Noite e seu cortejo, tentam invadir e destruir o templo de Sarastro é um simbolismo do 30º grau do Rito Escocês, o "Grau da Vingança", enquanto que o final da ópera, II Ato, Cena 33, quando a escuridão (a Rainha da Noite) foi vencida e a luz (Sarastro, Tamino/Pamina, Papageno/Papagena) triunfa é representado pelo grau final (33º) do rito escocês — no triângulo cujo significado é "sabedoria, beleza e força" (Weisheit, Schönheit, Stärke), como no libreto. O lema do 33º é Ordo ab Chao (ordem advinda do caos) ou da escuridão para a luz.
Para sublinhar a parte musical desta importante cena da Cruz Soberana com os homens armados, Mozart escolheu um tipo de prelúdio coral, empregando a antiga melodia luterana de 1524 "Ach Gott, von Himmel sieh darein" (ele havia escrito estas palavras num contexto diverso como um estudo contrapotístico para sua aluna Barbara Ployer ou no livro manuscrito de outra pessoa em 1784). A solenidade desta parte da ópera é assim diferente de qualquer experiência austríaca ou católica. É uma solenidade bíblica e com isso quero dizer, derivada da Bíblia. Ver Isaías 43:2: Quando passares pelas águas eu estarei contigo: quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Caso você, leitor, passe a encarar todo este simbolismo numerológico com ceticismo, com certeza devo acrescentar que a introdução orquestral desta cena contém dezoito grupos de notas. Sarastro, o Sumo Sacerdote (ou seja, Venerável Mestre da Loja) aparece pela primeira vez no I Ato, na cena 18. No começo do II Ato, Sarastro e seus sacerdotes entram: em cena estão (como o libreto de 1791 faz questão de especificar) precisamente dezoito sacerdotes e dezoito cadeiras e a primeira parte do coro que eles cantam, O Isis und Osiris, tem a duração de dezoito compassos. Quando Papageno interroga a monstruosa velha, que se tornará Papagena, quantos anos tem, ela responde: Dezoito (provocando sempre hilariedade na platéia). E quando os três meninos aparecem suspensos no palco em uma máquina (o libreto de 1791 enfatiza) ela está "coberta de rosas" . Porém abandonando esta fascinação hipnótica com o 18º (Rosa-Cruz) devemos lembrar que dezoito é formado por seis vezes três, e três na verdade é o número simbólico crucial e básico da ópera. (Enquanto o Rito Escocês sempre fora uma organização de elite, o ritual mais comum de São João seria o mais familiar para os maçons vienenses que assistiram à primeira representação de A Flauta Mágica.)
Num livreto publicado em Londres em 1725 intitulado O grande mistério da Maçonaria revelado, lemos o seguinte trecho: Exame ao entrar na Loja: P. Quantas Jóias preciosas? R. Três; um prato quadrado, um Diamante e um Quadrado. P. Quantas luzes? R. Três; uma Leste à direita, Sul e Oeste. P. O que representam? R. As Três Pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo. P. Quantos degraus pertencem a um verdadeiro maçom? R. Três. P. Quantos Pontos particulares pertencem a um verdadeiro maçom? R. Três: Fraternidade, Fidelidade e Seriedade, P. O que representam? R. Amor Fraternal, Lenitivo e Verdade entre todos os verdadeiros maçons; para o qual todos os maçons foram ordenados no Edifício da Torre de Babel e no Templo de Jerusalém.
Em 1723, outra publicação revelava: Se um Mestre-maçom queres ser Observa bem a Regra dos Três... Portanto, ao acabar de ouvir A Flauta Mágica o maçom freqüentador do Freyhaustheatjer auf der Wieden se deu conta de ter escutado a primeira ópera maçônica. É evidente que o ritual propriamente dito não era apresentado em cena, mas havia suficientes indícios, exibidos de forma oblíqua e fortemente ilustrados por numerologia, para não deixar dúvidas sobre seu conteúdo maçônico. E como isto foi possível? Na publicação de 1725, já citada, lemos: P. Em nome de .... c, você é um maçom? O que é um maçom? R. Um homem vindo de um home, nascido de uma mulher, Irmão de um Rei. P. O que é um confrade? R. Um Companheiro de um Príncipe. P. Como saberei se você é um maçom? R. Através de Sinais, Provas e Normas da minha Iniciação. P. Qual é a Norma da sua Iniciação? R. Ouço e Escondo, sob a penalidade de ter minha Garganta cortada, ou minha Língua arrancada de minha Cabeça.
Deve ter havido, portanto, razões muito prementes para Mozart e Schikaneder haverem rompido este juramenteo de silêncio, tendo sido sugerido há muito tempo (sugestão esta que foi reforçada por três médicos alemães num livro intitulado Mozarts Tod [ A Morte de Mozart ] publicado em 1791 onde eles usam o termo "assasinato ritual") que os maçons mataram Mozart. Existem simplesmente dois fatos que tornam esta teoria — considerada muito plausível nos dias de hoje — não só improvável como inexeqüível. A primeira é que ninguém assassinou Schikaneder, que foi tão responsável quanto Mozart "ao trair os segredos maçônicos". ( Schikaneder tinha entrado para a Confraria em em Regensburg, mas nunca se aliara à Loja de São João em Viena.) Schikaneder continuou vivendo, até a "venerável" (para a época) idade de 61 anos e morrei em 1812 louco, é verdade, mas os maçons não podem ser responsáveis por isso uma vez que deixaram de existir oficialmente em 1795 e a morte de Schikaneder ocorreu dezessete anos mais tarde.
O segundo fato é igualmente, senão mais, convincente: a
própria Loja de Mozart Zur Gekrönten Hoffnung celebrou uma Loja das Tristezas para o
compositor, imprimiu o discurso principal, assim também a
cantata Maçônica (K-623) que Mozart havia escrito pouco antes de morrer.
Portanto deve ter havido uma outra razão pela qual Mozart e Schikaneder tiveram permissão
para escolher um tema de ópera que glorificava a Maçonaria. Trata-se de um ponto que muitos
pesquisadores negligenciaram ou interpretaram mal, mas que pode ser solucionado após se
examinar os arquivos maçônicos mantidos pela polícia austríaca durante aquele período. A
verdade é que a Maçonaria na Áustria estava em perigo iminente de extinção — como se pode
verificar com o fechamento voluntário, pelos maçons, das suas Lojas em 1794; enquanto que
em 1795, um jovem e novo Imperador proibia todas as sociedades secretas, incluindo, é claro,
a Maçonaria. O motivo para este repentino perigo em que os maçons se encontraram teria sido
o pretenso envolvimento dos mesmos com a Revolução Francesa e o jacobinismo, e com um
movimento semelhante na Áustria, que a polícia secreta — com razão, como foi comprovado
mais tarde — suspeitava existir. Em Viena, enquanto A Flauta Mágica estava em cartaz, Leopoldo II observava com crescente
apreensão o que acontecia na França e esta mesma apreensão estava se tornando um medo
quase paranóico em sua intensidade nas mentes da polícia secreta e outros membros do
governo austríaco.
Fonte:
http://www.suigeneris.pro.br/literatura_variedades14.htm (Fora do ar)