12/06/2021

Hino a Aton e Salmo 104 - Semelhanças







O Grande Hino a Aton é um texto religioso do Antigo Egito cuja autoria é atribuída ao faraó do Império Novo Amen-hotep IV, mais conhecido pelo nome de Aquenáton, que governou o Egito entre 1351 e 1334 AEC

Tem sido apontadas as semelhanças entre o hino e o Salmo 104 da Bíblia, o que para alguns sugere uma relação entre o monoteísmo de Aquenáton e o monoteísmo abraâmico, que surgiu cerca de 1800 AEC. Porém, hoje em dia sugere-se que as semelhanças são oriundas do mesmo substrato cultural do Médio Oriente. Muito mais do que um monoteísmo, as concepções religiosas de Aquenáton seriam um henoteísmo exacerbado.



Adoração se Ré-Horakhti, que se regozija da luz no seu nome de Chu que é Aton, que vive eternamente; o grande Atom vivente que está em festa de regeneração, o senhor de tudo que o disco abrange, senhor do céu, senhor da terra, senhor da morada de Aton em Akhetaton; [adoração do] rei do Alto e do Baixo Egito, que vive de Maât, o senhor das coroas, Akhenaton, de grande duração de vida e a sua grande rainha amada, a senhora das Duas Terras, Neferneferuaton Nefertiti, que vive para sempre, em saúde e em beleza:
Ay, o vizir, flabelífero à direita do rei, diz:
 

Apareces na perfeição da tua beleza,
No horizonte do céu,
Disco vivente,
Criador de vida;
Elevas-te no horizonte a oriente,
Enches cada região com a tua perfeição.
Tu és belo, grande, brilhante,
Erguido acima de todo o universo,
Os teus raios abraçam as regiões
Até ao horizonte de tudo o que crias.
Tu és o princípio solar [Ré],
Reges o país até os seus limites,
Ligá-los através do teu filho que amas.


Afastas-te,
Contudo os teus raios tocam a terra,
Estás frente a nossos olhos, o teu caminho permanece desconhecido;
Deitas-te no horizonte ocidental,
O universo está nas trevas, como morto.
Os homens dormem nos seus quartos,
Cabeça tapada,
Ninguém reconhece o irmão.
Roubemos-lhe os bens debaixo da cabeça,
Não se apercebe de nada.
Todos os leões saem dos seus covis,
Todos os répteis mordem.
O mundo gira em silêncio,
É a mais profunda treva,
O seu criador repousa no horizonte.


Tu [Aton] ergues-te pela alba, no horizonte,
Raias, disco solar do dia,
Dissipas as trevas, expandes os teus raios.
O duplo país está em festa,
Os homens acordam,
Erguem-se sobre os seus pés,
És tu quem faz que eles se levantem.
Os corpos purificados, vestem-se,
Os braços desenham gestos de adoração ao teu acordar.
O universo inteiro põe-se ao trabalho,
Cada rebanho satisfeito com a sua pastagem,
Árvores e ervas verdejam,
Os pássaros, que voam de asas abertas para fora dos ninhos,
Executam atos de adoração ao teu Poder vital.
Todos os animais saltitam sobre as patas,
Todos os que voam, todos os que movem,
Vivem ao teu acordar.
As barcas dão à vela,
Subindo e descendo a corrente,
Cada dia está aberto,
Tu apareces.
No rio os peixes saltam
Em direção ao teu rosto,
Os teus raios penetram no coração da Terra Verde [o mar].


Tu fazes com que o embrião nasça dentro das mulheres
Tu produzes a semente dentro do homem,
Tu dás vida ao filho no seio materno,
Tu dás-lhe a paz
Com que pára as lágrimas.
Tu és a ama-de-leite
Do que ainda se abriga no seio,
Tu dás constantemente o sopro
Para conferir vida a todas as criaturas.
No momento em que a criatura sai da matriz para respirar,
Tu abres-lhe completamente a boca,
Tu ofereces o que é necessário.
O pequeno pássaro está no ovo,
Pipila na sua casca,
No interior tu dás-lhe o sopro,
Tu dás-lhe vida.
Tu organizas-te para ele,
Um tempo de gestação medido com rigor,
Tornando-o completo;
Parte a sua casca pelo interior;
Sai do ovo, pipila,
No momento estabelecido,
Sai andando sobre as patas.


Como são numerosos os elementos da criação,
Escondidos a nossos olhos,
Deus único sem igual.
Tu crias o universo segundo o teu coração-consciência,
Quando estavas sozinho.


Homens, rebanhos, animais selvagens,
Tudo o que vive sobre a terra,
Deslocando-se abre os próprios pés,
Tudo que está nas alturas
E voa, asas estendidas,
Os países da Síria e do Sudão,
O país do Egito,
Tu colocas cada homem na sua função,
Tu outorgas-lhe o que lhe convém.
As línguas são múltiplas
Na sua forma de se exprimirem,
Os seus caracteres são diferentes,
A cor da pele é distinta,
Tu diferenciaste os povos estrangeiros.
Tu criaste o Nilo no mundo inferior,
Tu fá-lo surgir segundo a tua consciência
Para dar vida aos homens do Egito,
Da mesma forma que o fizeste para ti mesmo.
Tu és o seu Senhor,
Tu preocupas-te com eles,
Senhor de todas as regiões,
Tu ergues-te para elas.
Disco do dia, grande de dignidade,
Dás vida a cada país estrangeiro, ainda que afastado,
Tu colocas um Nilo no céu,
Ele desce para eles,
Dá forma às correntes de água
Para regar os seus campos e as suas cidades.
Como os teus desenhos são excelentes,
Ó Senhor da eternidade,
Ó Nilo no céu
É um dom de Ti aos estrangeiros,
A cada animal do deserto que anda sobre as próprias patas;
Para a terra Amada [O Egito],
O Nilo vem do mundo inferior.


Os teus raios amamentam todos os campos,
Tu ergues-te,
Eles vivem, crescem para ti.
Tu regulas harmoniosamente as estações,
Desenvolves toda a criação.
O inverno tem por função dar a frescura,
O calor fazer com que os homens te apreciem.
Tu crias o sol ao longe,
Ergues-te nele,
Beijas com o olho toda a criação,
Tu continuas na tua Unidade.
Ergues-te
Na tua forma de disco vivo,
Que aparece e resplandece,
Que está longe,
Que está próximo,
Tu retiras eternamente
Milhões de formas a partir de ti mesmo,
Continuas na tua Unidade.
Cidades, regiões, campos, rios,
Todos os olhos te vêem na sua frente,
Tu és o disco do dia
Sobre o universo.
Afastas-te,
Nenhum dos seres por ti engendrado existe
A não ser para contemplar-te unicamente a ti.
Nenhum dos que engendras te vê,
Tu resides no meu coração.
Não existe outro que te conheça,
Com exceção do teu filho Akhenaton,
Tu dás-lhe conhecimento dos teus projetos,
Do teu poder.


O universo vem ao mundo sobre a tua mão,
Como tu o crias.
Ergues-te,
Ele vive.
Deitas-te,
Ele morre.
Tu és a extensão durável da vida,
Vivemos de ti.
Os olhos fixam continuamente a tua perfeição,
Até ao teu deitar,
Deitas-te a ocidente,
Todo o trabalho pára.
Ao teu acordar,
Fazes crescer todas as coisas para o faraó;
O movimento apodera-se de cada perna,
Pões em ordem o universo,
Fá-lo surgir para teu filho,
Proveniente do teu Ser,
O rei do Alto e do baixo Egito,
Que vive da harmonia universal,
o senhor do duplo país,
Filho de Ré,
Que vive da harmonia universal,
Senhor das coroas,
Akhenaton,
Que a duração da sua vida seja grande!
Que a sua grande esposa que ele ama,
A senhora do duplo país,
Nefertiti,
Viva e rejuvenesça,
Para sempre, eternamente.



 
Salmo 104


1 Bendiga o Senhor a minha alma!


Ó Senhor, meu Deus, tu és tão grandioso!
Estás vestido de majestade e esplendor!
2 Envolto em luz como numa veste,
ele estende os céus como uma tenda,
3 e põe sobre as águas dos céus
as vigas dos seus aposentos.
Faz das nuvens a sua carruagem
e cavalga nas asas do vento.
4 Faz dos ventos seus mensageiros
e dos clarões reluzentes seus servos.


5 Firmaste a terra sobre os seus fundamentos
para que jamais se abale;
6 com as torrentes do abismo a cobriste,
como se fossem uma veste;
as águas subiram acima dos montes.
7 Diante das tuas ameaças as águas fugiram,
puseram-se em fuga ao som do teu trovão;
8 subiram pelos montes
e escorreram pelos vales,
para os lugares que tu lhes designaste.
9 Estabeleceste um limite
que não podem ultrapassar;
jamais tornarão a cobrir a terra.


10 Fazes jorrar as nascentes nos vales
e correrem as águas entre os montes;
11 delas bebem todos os animais selvagens,
e os jumentos selvagens saciam a sua sede.
12 As aves do céu fazem ninho junto às águas
e entre os galhos põem-se a cantar.
13 Dos teus aposentos celestes
regas os montes;
sacia-se a terra com o fruto das tuas obras!
14 É o Senhor que faz crescer o pasto para o gado,
e as plantas que o homem cultiva,
para da terra tirar o alimento:
15 o vinho, que alegra o coração do homem;
o azeite, que lhe faz brilhar o rosto,
e o pão que sustenta o seu vigor.
16 As árvores do Senhor são bem regadas,
os cedros do Líbano que ele plantou;
17 nelas os pássaros fazem ninho,
e nos pinheiros a cegonha tem o seu lar.
18 Os montes elevados pertencem
aos bodes selvagens,
e os penhascos são um refúgio para os coelhos.


19 Ele fez a lua para marcar estações;
o sol sabe quando deve se pôr.
20 Trazes trevas, e cai a noite,
quando os animais da floresta vagueiam.
21 Os leões rugem à procura da presa,
buscando de Deus o alimento,
22 mas ao nascer do sol eles se vão
e voltam a deitar-se em suas tocas.
23 Então o homem sai para o seu trabalho,
para o seu labor até o entardecer.


24 Quantas são as tuas obras, Senhor!
Fizeste todas elas com sabedoria!
A terra está cheia de seres que criaste.
25 Eis o mar, imenso e vasto.
Nele vivem inúmeras criaturas,
seres vivos, pequenos e grandes.
26 Nele passam os navios,
e também o Leviatã,
que formaste para com ele brincar.


27 Todos eles dirigem seu olhar a ti,
esperando que lhes dês o alimento no tempo certo;
28 tu lhes dás, e eles o recolhem,
abres a tua mão, e saciam-se de coisas boas.
29 Quando escondes o rosto,
entram em pânico;
quando lhes retiras o fôlego,
morrem e voltam ao pó.
30 Quando sopras o teu fôlego,
eles são criados,
e renovas a face da terra.


31 Perdure para sempre a glória do Senhor!
Alegre-se o Senhor em seus feitos!
32 Ele olha para a terra, e ela treme,
toca os montes, e eles fumegam.


33 Cantarei ao Senhor toda a minha vida;
louvarei ao meu Deus enquanto eu viver.
34 Seja-lhe agradável a minha meditação,
pois no Senhor tenho alegria.
35 Sejam os pecadores eliminados da terra
e deixem de existir os ímpios.


Bendiga o Senhor a minha alma!


Aleluia!






Fontes:
https://www.biblegateway.com/passage/?search=Salmos%20104&version=NVI-PT
http://leopoldina-emummundodistante.blogspot.com/o-grande-hino-aton-na-integra
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Grande_Hino_a_Aton

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Um dos Princípios do Caminho Óctuplo de Buda era:
Palavra Correta.