ÍSIS – A GRANDE MÃE – deusa do amor incondicional, da generosidade, perseverança e abundância, irmã e esposa de Osíris. A deusa regente de Sírius, a estrela alfa da constelação do Cão. Sempre que no céu se desenhava a configuração estelar onde Sírius resplandecia com todo o seu esplendor, a população comemorava, porque Ísis estaria derramando suas bênçãos sobre o Egito. Era o prenúncio das cheias no rio Nilo; as águas inundariam as margens arroteando a terra, e resultando no húmus que serviria de berço para as semeaduras, plantações e consequentes colheitas. Ísis, a deusa mãe, lá dos céus anunciava para os seus filhos a renovação da vida.
Potência única, o mundo inteiro reverencia-me sob numerosas formas, com ditos diversos, sob vários nomes.
Uns chamam-me Juno, outros Belone, estes Rhamnusia, aqueles Hecate. Mas os povos das duas Etiópias e os Egípcios, poderosos pelo seu antigo saber, honram-me com o culto que me é próprio e chamam-me pelo meu verdadeiro nome: rainha Ísis."
Lucius Apuleius
in Metamorfosis (séc. II d.C.)
Outros dos muitos títulos de Isis, são:
Rainha do Céu
Mãe dos Deuses
Aquela que é Todos
Senhora das Culturas Verdejantes,
A mais brilhante no firmamento
Stella Maris
Grande Senhora da Magia
Senhora da Casa da Vida,
Aquela que sabe fazer o uso correto do Coração
Doadora da Luz do Céu
Senhora das Palavras de Poder,
Lua brilhante sobre o Mar
Mãe dos Deuses
Aquela que é Todos
Senhora das Culturas Verdejantes,
A mais brilhante no firmamento
Stella Maris
Grande Senhora da Magia
Senhora da Casa da Vida,
Aquela que sabe fazer o uso correto do Coração
Doadora da Luz do Céu
Senhora das Palavras de Poder,
Lua brilhante sobre o Mar
Templo do Filae, construído pelo faraó Nectanebo I em honra a deusa Ísis. |
Seu culto, simples e de fácil entendimento, apresentava-a como protótipo da maternidade e enfatizava a contribuição de Ísis para o esforço de civilizar a humanidade, visto que a deusa teria sido a responsável por ensinar os homens a viverem em família, a moer o trigo e fazer o pão. Também ministrara ensinamentos aos homens para que estes aprendessem as técnicas da tecelagem e era responsável pela elaboração de encantamentos que levavam à cura de quaisquer padecimentos. Em muitas de suas estátuas, Ísis aparecia amamentando o pequeno Hórus, que se sentava em seu colo, daí seu papel de protetora das crianças. Por causa de todos estes atributos, os gregos identificaram Ísis com suas deusas Deméter, Hera e Afrodite.
Na época ptolomaica, a rainha Arsinoe II, irmã e esposa do faraó Ptolomeu II Filadelfo (285-246 a.C.), foi identificada, após sua morte, como a reencarnação da deusa Ísis. Entretanto o caso mais famoso, dentro da mesma dinastia, foi o da assimilação de Ísis pela rainha Cleópatra VII (51-30 a.C.). Quando, em 47 a.C., nasceu seu filho Cesário, de sua união com o general romano Júlio César, a rainha mandou cunhar moedas em que aparece representada qual Ísis, segurando seu filho Hórus-Cesário. Em outra oportunidade, em 34 a.C., comemorando o triunfo de seu amante, o também general romano Marco Antônio, na cidade de Alexandria sobre os armênios, Cleópatra identificou-se como a "nova Ísis" e persuadiu Marco Antônio de que ele encarnava o "novo Osíris", desta forma poderiam reivindicar a herança do casal divino original, ou seja, o próprio trono do Egito.
Já
sob o domínio do Império Romano o culto de Ísis difundiu-se pelas mais
variadas regiões próximas ao mar Mediterrâneo. Existiram templos em
honra à deusa até mesmo na península Ibérica. Neles havia um corpo
sacerdotal próprio que organizava os chamados "mistérios de Ísis",
cerimônias secretas das quais somente participavam os iniciados. Além
disso, grandiosas festividades eram realizadas para cultuar a deusa,
como procissões acompanhadas de abundantes oferendas de leite e água e
que contavam com fervorosa adesão popular.
As influências do culto de Ísis ao longo da história do Império Romano foram mais profundas do que normalmente imaginamos. Em particular no modo como os primeiros cristãos se apropriaram da iconografia da deusa para representar a Virgem Maria. A veneração da mãe de Jesus recebeu um forte impulso quando a partir de 312 d.C., pelo ato de tolerância promulgado pelo imperador Constantino, o cristianismo se converteu, pouco a pouco, em religião imperial, com a conseqüente conversão das massas pagãs do Império. Esta gente acostumada a milênios de culto à Grande Mãe, à deusa, etc. não podia aceitar sem mais o patriarcalismo judaico adotado pelo cristianismo primitivo. Não é de surpreender que tenha sido no Egito onde se originou a adoração de Maria sob o título de te?t???? – "aquela que espera o filho de Deus". Mais tarde, no Concílio de Éfeso (431 d.C.) esta designação egípcia foi convertida em dogma da Igreja. Como vemos foi no Egito, onde até ao início da era cristã Ísis (com o filho Hórus nos braços) fora adorada, onde se cristalizou o culto à Virgem Maria (com o menino Jesus nos braços). Ou melhor, onde a deusa Ísis se converteu na Virgem Maria. Parece então, que o destino de Ísis foi converter o cristianismo primitivo, descendente direto do judaísmo monoteísta patriarcal, numa religião sincrética.
As influências do culto de Ísis ao longo da história do Império Romano foram mais profundas do que normalmente imaginamos. Em particular no modo como os primeiros cristãos se apropriaram da iconografia da deusa para representar a Virgem Maria. A veneração da mãe de Jesus recebeu um forte impulso quando a partir de 312 d.C., pelo ato de tolerância promulgado pelo imperador Constantino, o cristianismo se converteu, pouco a pouco, em religião imperial, com a conseqüente conversão das massas pagãs do Império. Esta gente acostumada a milênios de culto à Grande Mãe, à deusa, etc. não podia aceitar sem mais o patriarcalismo judaico adotado pelo cristianismo primitivo. Não é de surpreender que tenha sido no Egito onde se originou a adoração de Maria sob o título de te?t???? – "aquela que espera o filho de Deus". Mais tarde, no Concílio de Éfeso (431 d.C.) esta designação egípcia foi convertida em dogma da Igreja. Como vemos foi no Egito, onde até ao início da era cristã Ísis (com o filho Hórus nos braços) fora adorada, onde se cristalizou o culto à Virgem Maria (com o menino Jesus nos braços). Ou melhor, onde a deusa Ísis se converteu na Virgem Maria. Parece então, que o destino de Ísis foi converter o cristianismo primitivo, descendente direto do judaísmo monoteísta patriarcal, numa religião sincrética.
Madonna del Latte. Basílica da Santa Cruz. Florença, Itália. |
É interessante destacar a semelhança entre as várias imagens onde Ísis aparece amamentando Hórus com as primeiras pinturas ou esculturas cristãs representando a Virgem Maria. Também a figura do Hórus criança possui um reflexo na iconografia do menino Jesus quando este aparece com o dedo levado à boca. Com a proibição do culto aos deuses pagãos houve uma gradual "transferência" dos atributos de Ísis para a Virgem Maria, associando-a, também, à fertilidade, à concepção sobrenatural, ao tratamento de doenças e à proteção das crianças. Muitos templos cristãos, dedicados ao culto da maternidade na figura de Maria e do menino Jesus, estão localizados em áreas, onde, no passado, se ergueram locais de culto a Ísis. O historiador Will Durant observou que "os primitivos cristãos por vezes fizeram os seus cultos diante de estátuas de Ísis amamentando o filho Hórus, vendo nelas uma outra forma do nobre e antigo mito pelo qual a mulher (isto é, o princípio feminino) é a criadora de todas as coisas, tornando-se por fim, a 'mãe de Deus'".
À esquerda
temos uma representação de Ísis e Hórus em uma placa egípcia do séc. I
que se encontra exposta no museu egípcio do Cairo. À direita detalhe do
quadro "Madonna e o Menino Jesus", pintura de Lucas Cranach do séc. XVI.
Podemos notar claramente a influência da iconografia de Ísis na
representação da Virgem Maria e também de Hórus em relação a Jesus.
Referências bibliográficas:
· CASTEL, Elisa. Diccionario de la mitologia egípcia. Madrid: Aldebarán Ediciones, 1995.
· DURANT, Will. "Our Oriental Heritage". In: The Story of Civilization: volume 1. Norwalk: Easton Press, 1992, p. 201.
· MELLA, Federico A. Arborio. O Egito dos faraós: história, civilização, cultura. São Paulo: Hemus, 1998.
·
SALES, José das Candeias. As Divindades Egípcias: uma chave para a
compreensão do Egipto antigo. Lisboa: Editorial Estampa, 1999.
Fontes:
Centro de Pesquisas da Antiguidade
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Um dos Princípios do Caminho Óctuplo de Buda era:
Palavra Correta.